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28/Jul/2020

Carne vegetal: primeiro bacon feito em laboratório

Muito antes da pandemia de coronavírus, que colocou em evidência a fragilidade das cadeias de abastecimento de alimentos, as condições de trabalho e a crueldade com os animais no mundo todo, vários cientistas já estavam avisando que o mundo deveria começar a reduzir o consumo de carne para enfrentar a mudança climática. Cada vez mais pessoas adotam dietas vegetarianas, mas muita gente reluta em abrir mão do gosto e da textura da carne. É aí que entra a Higher Steaks. A startup de Cambridge anunciou recentemente que criou o primeiro protótipo do mundo de fatias de bacon e barriga de suíno produzidas em laboratório, usando células animais.

É um marco importante para a Higher Steaks, houve avanços significativos em um tempo relativamente curto, mantendo o fluxo de caixa da empresa sob controle. Há cerca de 30 startups no mundo trabalhando com carne cultivada, ou carne “limpa”, por meio de um processo que consiste na remoção de uma amostra de células de um animal sem matá-lo, seguida do cultivo em laboratório para transformá-las em músculo e gordura, usando uma solução especial em um reator biológico. A barriga de porco é feita com cerca de 50% de carne cultivada, e o bacon com cerca de 70% de carne cultivada. O restante é feito com vegetais. Ainda há bastante trabalho pela frente até chegar a um produto comercial. A Higher Stakes foi fundada em 2017.

A empresa levantou cerca de US$ 200.000 (R$ 1.039.480,00) na etapa pré-seed e está prestes a entrar na série A do financiamento, a primeira grande rodada de entrada de capital de risco para uma startup. O objetivo da empresa é apresentar um produto pronto para crescer no período aproximado de um ano, e a ideia é que o bacon esteja disponível para consumo nos próximos 3 a 5 anos. Com a pandemia de coronavírus, o laboratório da Higher Steaks ficou fechado por três meses, mas o resultado geral em longo prazo pode ser positivo para o movimento da carne cultivada. As cadeias de abastecimento tiveram muitos problemas, várias centrais de processamento de carne fecharam, e algumas estavam espalhando doenças.

Existem doenças que passam dos animais para os humanos e causam grandes problemas. Cada vez mais, os consumidores estão percebendo isso. A proteína vegetal é uma tendência que vai continuar e vai aumentar muito no setor. A Higher Steaks decidiu se concentrar na criação de carne suína, a mais consumida do mundo, pois esse setor utiliza muitos antibióticos e está sob a constante ameaça de doenças como a peste suína africana (PSA), que sacrificou 40% dos 360 milhões de suínos na China em 2019, de acordo com o Rabobank. A Higher Steaks é uma empresa com tecnologia inovadora na área de carne cultivada. O principal objetivo é levar a carne suína cultivada para o mercado, o que inclui passar pelos processos de aprovação regulatória na Europa e nos Estados Unidos.

A Higher Steaks não usa modificações genéticas na carne suína cultivada e isso deve facilitar a aprovação do produto no mundo todo. Para entrar no mercado na União Europeia, o produto vai se enquadrar como ‘Novo alimento’. O tempo normal para análise é de um ano e meio a dois anos e meio e tem como foco principal a segurança do alimento. Nos Estados Unidos, o percurso regulatório foi definido recentemente. Ele envolve a FDA por causa do processo inicial com células-tronco, e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na etapa final, relacionada aos alimentos.

Alguns estudos de pesquisa de mercado mostram que as pessoas estão curiosas para provar a carne cultivada, mas ainda é preciso difundir a ideia entre os consumidores e nos supermercados e restaurantes. A aceitação da carne cultivada pelos consumidores depende de vários fatores, e é importante que o setor faça uma boa divulgação para que o público entenda a tecnologia e confie na ciência. O sucesso das empresas de carne vegetal, como a Beyond Meat, demonstra que há uma grande demanda por alternativas à carne entre os consumidores. Fonte: Yahoo Finanças. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.