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24/Jul/2020

Boi: Brasil lançará a carne carbono neutro - CCN

A Carne Carbono Neutro (CCN), produzida em áreas com presença obrigatória do componente florestal (árvores) e que neutralizam as emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos bovinos, deve chegar ao mercado em agosto com status para tentar mudar a imagem da pecuária brasileira no exterior. A iniciativa envolve órgãos do governo brasileiro e da iniciativa privada. O lançamento, no próximo mês, foi confirmado pela Marfrig, que apresentou projeto de sustentabilidade da empresa. Todos os envolvidos no programa CCN não escondem a expectativa de que a novidade seja a resposta brasileira sobre a capacidade do País em produzir proteína bovina de origem sustentável e em modelo ambientalmente correto. Motivos para otimismo não faltam. O produto é fruto de extensas pesquisas da Embrapa, iniciadas em 2012 e aplicadas com acompanhamento de diversas unidades pelo Brasil.

Em 2018, com a conclusão dos estudos, a marca conceito foi licenciada para comercialização por intermédio da Marfrig. De lá para cá, foi elaborado e aprovado o protocolo de produção e definidos os modelos de certificação. O lançamento estava previsto para março deste ano, mas foi adiado em função da pandemia. O conceito CCN estabelece protocolo específico. A principal exigência é de que a carne venha de bovinos oriundos de ambientes onde, comprovadamente, o volume de emissões de GEE é inferior ao total neutralizado ou sequestrado. Ao longo de sete anos de estudos, os pesquisadores constataram que, para ser considerado como bovinos carbono neutro, a recria e a terminação devem ocorrer necessariamente em áreas silvipastoris (integração pecuária-floresta - IPF), ou agrossilvipastoris, de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), observando parâmetros de legitimação científica (relação entre os componentes, área de pasto, espaçamento e número de linhas de árvores, lotação etc.).

A Associação Rede ILPF, que reúne organizações públicas e privadas, trabalha com a estimativa de que existam hoje perto de 3,5 milhões de hectares de sistemas de produção aptos a produzir a CCN, ou seja, que integram pastagens com florestas. A Carne Carbono Neutro será um divisor de águas e abrirá caminho para outros produtos brasileiros com conceitos semelhantes. Representará um avanço muito grande e a expectativa é bastante alta quanto à sua aceitação. O novo normal, como é dito hoje, passa por certificações e produções sustentáveis. A Rede ILPF conta hoje com sete associados: Syngenta, Embrapa, John Deere, Soesp, Bradesco, Cocamar e Ceptis. Segundo a Embrapa Gado de Corte, a CCN foi validada cientificamente (comprovação de mais fixação de carbono do que emissão) em 10 unidades de referência técnica (URT´s) da estatal: três em centros da Embrapa (Campo Grande, Sinop, em Mato Grosso, e São Carlos, em São Paulo) e sete em fazendas comerciais nos estados do Paraná (duas), Pará, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás.

O produto, portanto, pode ser produzido nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. A primeira propriedade a obter a CCN validada no Brasil foi a Fazenda Boa Aguada (Grupo Mutum), em Ribas do Rio Pardo (MS), em junho de 2018. Depois da recria e da terminação de bovinos em uma área de 60 hectares, a Embrapa mediu emissões médias de gás (em piquetes de quatro hectares) de 10 toneladas Co2 equivalente, enquanto a fixação média atingiu 16 t/Co2 equivalente. A Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, explica que, além de reduzir e até neutralizar as emissões de gases, os sistemas produtivos com o componente florestal oferecem bem estar animal e permitem a diversificação de renda por meio da comercialização futura de madeira ou mesmo de negociações no mercado de créditos de carbono.

Estas áreas apresentam alta capacidade de estocar carbono, acima e abaixo do solo, de melhorar as características físicas e químicas da terra e de reduzir o escoamento e aumentar a retenção de água no solo. O anúncio público da Marfrig sobre o lançamento da CCN no próximo mês surpreendeu alguns parceiros. A Embrapa desconhece qualquer definição quanto ao lançamento da CCN em agosto. A diretoria de Produção Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura afirmou que, por enquanto, não falaria sobre o assunto. A CCN está em um contexto de uma política pública que é o Plano ABC, que está em processo de revisão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.