23/Jul/2020

Os preços do boi gordo seguem em patamares elevados, em torno de R$ 220,00 por arroba em São Paulo. Apesar disso, o pecuarista terminador tem registrado piora no poder de compra de bovinos de reposição, tendo em vista que os valores do bezerro e do boi magro subiram com bastante força nos últimos meses. Em São Paulo, o bezerro é negociado acima de R$ 2.000,00 por cabeça desde meados de junho e o boi magro, de R$ 3.000,00 por cabeça, ambos recordes reais da série histórica do Cepea (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). Esse cenário pode ser resultado do maior abate de fêmeas nos últimos anos. Considerando-se médias mensais deflacionadas, o boi gordo no estado de São Paulo registra leve desvalorização de 1,42% na parcial deste ano (de dezembro/2019 até a parcial de julho/2020), ao passo que os valores do bezerro subiram 27,5% e os do boi magro, 13,6%. De julho/2019 para julho/2020, o preço do boi gordo apresenta alta de 31,7%, mas os preços do bezerro e do boi magro sobem ainda mais, 47% e 37,5%, respectivamente.

Nesse cenário, o pecuarista terminador precisa de mais arrobas de boi gordo para a compra de bovinos de reposição. Isso tem deixado os produtores receosos quanto ao volume de novos lotes a serem enviados para confinamento neste ano e exigido um olhar mais atento desses agentes à produtividade. Nesta parcial de julho, terminadores de São Paulo precisam de 9,47 arrobas de boi gordo para a compra de 1 bezerro, quase 30% a mais frente ao observado em dezembro/2019, quando a relação estava em 7,32 arrobas de boi gordo por bezerro. A relação de troca atual também está 12% acima da registrada em julho do ano passado (de 8,45 arrobas de boi gordo por bezerro). A maior relação da série do Cepea, inclusive, de 9,92 arrobas de boi gordo por bezerro, foi observada recentemente, em maio/2020. Apenas como comparação, a relação média da série histórica do Cepea é de 7,7 arrobas de boi gordo por bezerro.

No caso do boi magro, os pecuaristas terminadores precisam, na parcial deste mês, de 14 arrobas de boi gordo, contra 12,13 arrobas de boi gordo em dezembro/2019 e 13,32 arrobas de boi gordo em julho de 2019, ou seja, quedas de 15,2% e de 5%, respectivamente, no poder de compra do terminador. A maior relação da série do Cepea, de 14,82 arrobas de boi gordo/boi magro, foi observada em julho de 2015, ao passo que a média histórica é de 12,8 arrobas de boi gordo/boi magro. Todas as comparações foram realizadas com médias mensais deflacionadas. É importante lembrar que, além da reposição, que representa mais da metade dos custos de produção de pecuaristas, a forte valorização do dólar também elevou os preços de importantes insumos pecuários que são importados. De dezembro/2019 a julho/2020, a moeda norte-americana se valorizou significativos 30% e, em um ano, 41%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.