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17/Jul/2020

Leite: preço ao produtor deverá avançar em julho

Existe uma tendência típica de aumento das cotações ao produtor entre março e agosto, devido à sazonalidade da produção. Neste período, a captação de leite é prejudicada pela baixa disponibilidade de pastagens, em decorrência da diminuição das chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Em maio, o Índice de Captação Leiteira (ICAP--L) registrou queda de 0,2% frente a abril na Média Brasil (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), fator que estimulou o aumento em 9,5% das cotações de junho (os valores foram deflacionados pelo IPCA de junho/2020), que chegaram a R$ 1,5135 por litro.

Assim, para julho, o contexto de oferta reduzida no campo deve sustentar o movimento de valorização do leite. A competição acirrada entre laticínios para garantir a compra de matéria-prima deve intensificar a alta, podendo levar os preços para patamares superiores aos verificados em anos anteriores. O aumento da competição entre indústrias, por sua vez, está atrelado à necessidade de se refazer estoques de derivados lácteos. Tipicamente, as indústrias empenham esforços nessa direção antes de abril, prevendo que a captação caia nos meses posteriores. Contudo, neste ano, as perspectivas negativas sobre o consumo no médio e longo prazos diante da pandemia de Covid-19 aumentaram o nível de incerteza em abril e diminuíram o investimento das indústrias em estoques.

Com a reação no consumo (ancorada nos programas de auxílio emergencial), as vendas de lácteos se fortaleceram em maio e junho, reduzindo ainda mais os estoques. Diante disso, houve expressivas altas nos preços dos derivados lácteos em junho. No campo, a oferta restrita no mês passado resultou em disparada no preço do leite spot. Na média de junho, o preço do leite spot em Minas Gerais ficou 45% acima do de maio, em termos nominais, chegando a R$ 2,28 por litro. Nesse sentido, as altas nos mercados de derivados e de spot em junho devem ser repassadas no pagamento ao produtor de julho (referente à captação de junho).

Existe uma defasagem temporal no repasse das condições de mercado para o produtor, de modo que as negociações quinzenais do leite spot e a venda dos lácteos de julho irão influenciar os valores do leite captado naquele mês, que serão pagos ao produtor em agosto. O leite spot registrou valorização de 1% na primeira quinzena de julho, chegando a R$ 2,34 por litro em Minas Gerais. O mesmo se observou para a muçarela, que se valorizou 2,4% no mesmo período. No caso do leite em pó, houve estabilidade das cotações e, no do UHT, houve queda acumulada de 0,5% na primeira quinzena de julho. Parte dos agentes acredita que o preço ao produtor continue subindo em agosto, fundamentada na oferta limitada no campo.

No entanto, outra parcela de agentes acredita que a valorização em agosto pode ser freada por dois fatores: o primeiro é a pressão dos canais de distribuição, em especial nas negociações de UHT, dado que estes procuram atrair consumidores com preços baixos nesse período delicado de diminuição da renda agregada; o segundo é a retomada da produção na Região Sul do País, que, já em junho, deve se elevar consideravelmente em virtude das melhores condições climáticas e também do aumento do fornecimento de concentrado e silagem, estimulados pelos patamares de preços do leite. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.