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07/Jul/2020

Boi: renegociação chinesa afeta exportador menor

Em meio à pandemia de Covid-19 e riscos de uma segunda onda de contágio, frigoríficos reclamam que a China está renegociando preços com fornecedores brasileiros, reduzindo as margens especialmente dos exportadores de menor porte habilitados para o mercado chinês a partir de 2019. Diretores de algumas dessas empresas relataram reduções de até US$ 600,00 por tonelada no valor pago pela carne in natura embarcada para o país asiático. Este achatamento no preço vem aproximando a diferença entre o que paga o mercado asiático e valores de contratos firmados com outros países, como aqueles que compõem o mercado árabe, onde há valorização de cortes que não são considerados nobres no mercado interno. Até o início do ano, o dianteiro era vendido a uma média de US$ 4.600,00 por tonelada.

Há dois ou três meses, com o problema da Covid-19, o preço recuou até US$ 200,00 por tonelada, pois os compradores alegavam que a pandemia havia derrubado o consumo chinês. Atualmente, para novos contratos, é difícil firmar preço acima dos US$ 4.000,00 por tonelada. Abaixo deste preço, não compensa fazer boi China (padrão de animal exigido pelos asiáticos, geralmente até 30 meses de idade). Além de animal jovem, eles pedem uma carne mais limpa, com menos gordura. Esta limpeza consome, em média, 5% a mais da carcaça do que a toalete convencional. As recentes exigências chinesas (que incluem a emissão, pelo frigorífico, de documento garantindo que as cargas comercializadas não carregam o vírus da Covid-19) sobre sanidade e informações a respeito de suspensões de exportações de algumas indústrias brasileiras acabam influenciando nas renegociações.

Os chineses chegam a usar isso para justificar pagar menos. Segundo o Sindicato da Carne e Derivados do Estado do Pará (Sindcarne-PA), questões relacionadas à Covid-19 e assuntos diversos estão sendo usadas pelos chineses para pressionar o preço pago pelo produto brasileiro. Também é importante salientar que a diferença que os “pequenos” exportadores têm ante as grandes redes frigoríficas. Elas trabalham com muito volume e têm escala. Se ganharem um valor baixo em um contêiner, ao final esse lucro se torna significativo. Com a oscilação cambial, o risco de perder dinheiro é grande e embarcar alguns cortes para fora não é mais vantajoso. O mercado interno paga hoje mais pela alcatra do que a China. A renegociação de valores para exportação é uma rotina de mercado. Uma oscilação cambial acaba afetando os negócios e exigindo ajustes.

O Sindcarne-PA estima o rebanho bovino do Pará em 20 milhões de cabeças. Até maio, o Estado produziu 175 mil toneladas de carne com inspeção federal, destinando 41 mil toneladas para exportações. A expectativa é poder fechar 2020 exportando 100 mil toneladas, mas toda previsão em tempos de pandemia é arriscada. Relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgado semana passada, aponta para uma queda de 1,71% nas exportações brasileiras de carne bovina in natura na comparação entre maio (155,13 mil toneladas) e junho de 2020 (152,47 mil toneladas). A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) apresenta números relacionados ao total de carne bovina (in natura, miúdos, tripas, industrializada e salgada) exportado. Em junho foram embarcadas 177 mil toneladas ante 183 mil toneladas em maio, queda de 3,27% no volume. Em maio, a China comprou 83,98 mil toneladas (45,9% do total). No mês seguinte esta participação caiu para 77,29 mil toneladas (43,5%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.