06/Jul/2020
Cidades onde frigoríficos têm forte presença na atividade econômica viraram foco de preocupação de disseminação da Covid-19 no País, repetindo movimento que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos. O ambiente fechado, com baixas temperatura e grande número de pessoas, pode favorecer o espalhamento do vírus. Em Mato Grosso do Sul, o município de Dourados virou o epicentro da pandemia no Estado. Com 2.811 casos até o dia 2 de julho e 31% das ocorrências estaduais, superou Campo Grande, com 2.612 registros. No frigorífico JBS, maior empregador da cidade, o primeiro caso apareceu em meados de maio. Segundo a Procuradoria do Trabalho do município, foram testados 4.126 funcionários da empresa e destes 1.075 tiveram diagnóstico positivo e foram afastados. O alto número de contaminados pode não ter relação com o frigorífico, pois houve ampliação da testagem para conter a contaminação. Por isso, os números muito maiores em relação a Campo Grande, por exemplo.
Há possibilidade de que as regras de isolamento da cidade fiquem mais rígidas nas próximas semanas. A JBS afirma que logo que foi confirmado o primeiro caso no frigorífico da empresa em Dourados, a funcionária foi afastada, assim como outras pessoas com quem ela poderia ter tido contato. Também diz adotar medidas previstas no protocolo. A empresa informa ter atualmente 20 trabalhadores afastados por Covid-19 nessa unidade. No Rio Grande do Sul, a procuradora do Trabalho e gerente nacional adjunta do Projeto Frigorífico, Priscila Schvarcz, afirmou que, desde o início da pandemia no Rio Grande do Sul foram 5.832 trabalhadores de frigoríficos infectados (20% dos casos confirmados no Estado). Esse número é só de trabalhadores, sem considerar os contactantes. É um número significativo. Em muitos municípios do Estado, os primeiros casos foram diagnosticados em trabalhadores do setor. Como os frigoríficos empregam pessoas de municípios vizinhos, há uma interiorização da doença.
Grande número de pessoas trabalhando muito próximas umas das outras, em ambientes com pequena renovação de ar em baixas temperaturas, é uma bomba-relógio para contaminação. As regiões mais afetadas são oeste de Santa Catarina, oeste do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rondônia. O índice de contaminação no setor é maior do que de outras indústrias. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), esses dados são equivocados e misturam diagnósticos pelo teste rápido de Covid-19 com alta incidência de falsos resultados, e exames moleculares (PCR), que identificam a presença do vírus. Há várias unidades no País sem registro de infecções e afirma que os frigoríficos não são pontos de produção da doença. O setor segue rígido protocolo desenhado pelos ministérios da Agricultura, Saúde e Economia, atento a normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Anvisa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.