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29/Jun/2020

Suíno: PSA mudando hábitos de consumo na China

O primeiro caso de peste suína africana (PSA) na China foi descoberto em agosto de 2018. Desde então, a epidemia expandiu-se por todo o país e causou um enorme impacto na oferta de produtos e derivados da carne suína. Esse impacto foi tão grande que até hoje reflete-se nos hábitos de consumo atuais dos chineses. Segunda proteína animal preferida do chinês, a carne aviária teve ampla produção no mercado interno. Com o impacto da peste suína africana, a produção de aves alcançou 22,39 milhões de toneladas, 12,3% de aumento em relação a 2018. Os dados são de um levantamento feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A China é o maior produtor e consumidor de suínos do mundo. Como a peste suína africana é uma doença infecciosa com alta taxa de mortalidade, sua disseminação na China causou uma queda abrupta no rebanho e na produção suína, o que elevou o preço da carne no mercado. Em novembro de 2019, o preço da carne suína atingiu o seu pico histórico.

Os impactos e consequências dessa crise sanitária devem se estender por um longo período, mas criam grandes oportunidades para empresas brasileiras exportadoras de todos os tipos de proteína de origem animal. Segundo os dados da National Bureau of Statistics of China (NBSC), em 2019, a produção de carne suína da China foi de 42,55 milhões de toneladas, uma queda de 21,3% em relação a 2018, ano no qual a produção de carne suína foi de 54,04 milhões de toneladas. O consumo total (volume total de importação e produção) de carne suína em 2019 foi de 44,6 milhões de toneladas, 19% menor do que em 2018. Nesse cenário, o governo chinês tomou sérias providências para atender às demandas internas. Com o impacto da peste suína africana, a produção aviária alcançou enorme crescimento em 2019 e chegou a 22,39 milhões de toneladas, 12,3% de aumento em relação a 2018. Para ilustrar o tamanho desse crescimento, vale mencionar que de 2017 para 2018, a produção aviária doméstica cresceu apenas 0,6%.

Além da produção, os dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) também mostram que as importações aviárias aumentaram expressivamente. O volume de importações atingiu 779 mil toneladas em 2019, um crescimento de 55% ante 2018. É importante destacar que o mercado é predominantemente doméstico, já que em 2019 apenas cerca de 3,5% do consumo interno foi suprido pelas importações. No entanto, por causa da peste suína africana, garantir a segurança alimentar tornou-se prioridade na China. O Ministério do Comércio da China (MOFCOM) confirmou que em 2019 a China utilizou o seu armazenamento estatal para direcionar um total de 140 mil toneladas de carne suína ao mercado interno. Em 2020, a China continuará a implementar suas políticas de subsídios e incentivos financeiros aos criadores de suínos. No que tange às importações de carne suína, bovina e de frango, a taxa de crescimento recente é exponencial.

Segundo dados da GACC, no 1º trimestre de 2020 a China importou o total de 2,17 milhões de toneladas de carne. Com exceção dos dados de importação de frango congelado, que não foram divulgados pela GACC, 951 mil toneladas de carne suína e 513 mil toneladas de carne bovina foram importadas pela China no 1º trimestre de 2020. Isso resulta em um aumento de 170% e 65%, respectivamente, sobre os volumes importados no 1º trimestre de 2019. A China também está diversificando as origens de suas carnes importadas. Em 2019, a GACC aprovou um total de 644 novas plantas internacionais de carne para exportação à China, e essas habilitações em 2020 estão crescendo em ritmo mais acelerado. Apenas no 1º trimestre de 2020, a China já qualificou mais de 1000 novas plantas internacionais de carne.

Dentre estas, 127 plantas de aves, 455 plantas de carne suína e 458 plantas de carne bovina. De janeiro a abril deste ano, um total de 1061 novas plantas produtivas de carne foram aprovadas para exportação à China, das quais 991, ou 94%, são dos Estados Unidos, o que dá sinais de que a “Fase 1” do acordo comercial está sendo implementada. Em 2020, a oferta doméstica de carne suína deve diminuir ainda mais por causa do impacto do coronavírus, somando-se ao já existente problema da peste suína africana (PSA). Segundo a previsão do Agricultural Outlook Conference of China (AOC), o volume da produção doméstica irá se recuperar em 2022 e continuará aumentando nos próximos anos. Nesse cenário, a estimativa é de que as importações de carne suína e de aves devem alcançar 2,8 milhões de toneladas e 860 mil de toneladas, respectivamente. Fonte: Suinocultura Industrial. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.