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19/Jun/2020

Boi: preço futuro indica viabilidade de confinamento

Com o fim do período das águas e início da época das secas, pecuaristas, especialmente os que realizam confinamento, se atentam aos preços do boi magro e da alimentação (milho, principalmente). Além disso, os produtores também analisam a movimentação dos valores do boi gordo no mercado futuro (B3), no intuito de gerenciar a receita. No geral, parte dos produtores que confina bovinos já fez as contas dessa atividade de engorda. No entanto, a pandemia de Covid-19 e as consequentes incertezas geradas no mercado fizeram com que muitos pecuaristas adiassem e/ou limitassem a entrada de gado no cocho. Por isso, este é um momento importante de decisão de muitos produtores, que devem avaliar se aumentam o volume de bovinos enviados ao confinamento ou se seguem limitando-o.

Considerando-se o atual cenário, ainda que os preços do boi magro e do milho estejam bem acima dos verificados no mesmo período do ano passado, os ajustes do boi gordo negociado no mercado futuro (B3) sinalizam viabilidade do confinamento neste ano. Ressalta-se que as estratégias de investimentos de cada produtor devem ser pautadas no que aconteceu no passado e, principalmente, na capacidade de cada um de fazer sua atividade. O item de maior custo dentro do sistema de confinamento, podendo variar de 60% a 75%, é a reposição, ou seja, o boi magro. Na média do estado de São Paulo, o boi magro em maio foi negociado a R$ 2.933,55, com avanços de 14% em relação a janeiro deste ano e de 37,3% frente a maio de 2019, também em termos reais (valores foram deflacionados pelo IGP-DI de maio/2020).

No caso do bezerro, o cenário é semelhante. O bezerro de 8 a 12 meses teve média de R$ 1.994,43 em maio, patamar recorde real da série histórica do Cepea, sendo 22% superior à de janeiro e 41,2% acima da registrada em maio de 2019. O segundo fator na decisão no momento de confinar é a alimentação, com bastante importância para o milho. Apesar do alto patamar no final do ano passado e no início de 2020, em março/2020, inclusive, a média mensal do cereal atingiu recorde nominal da série do Cepea, os valores atuais estão se enfraquecendo, contexto que vem favorecendo a dieta de confinamento. A recente queda nos preços do milho esteve atrelada à pressão exercida por compradores, que estão atentos à colheita da 2ª safra de 2020. Apesar do atraso do semeio em algumas regiões, o clima favorável na finalização do desenvolvimento tende a elevar a produtividade e resultar em produção recorde. As atividades de campo envolvendo a 2ª safra de 2020 ainda estão no começo, mas já se observa maior oferta de cereal no mercado de lotes.

Um crescimento mais intenso na disponibilidade, contudo, deve ser registrado nesta segunda quinzena de junho e em julho. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam produção de 100,99 milhões de toneladas, 0,9% superior à temporada anterior e um recorde. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), por sua vez, indica produção brasileira de 101 milhões de toneladas na safra na safra 2019/2020. Por outro lado, caso o dólar siga elevado, as exportações brasileiras de milho podem voltar a ser impulsionadas, reduzindo a oferta doméstica e, consequentemente, sustentando as cotações. Em maio, a média do Indicador do milho ESALQ/BM&F (região de Campinas – SP) foi de R$ 47,96 por saca de 60 Kg, sendo 4,52% abaixo do de janeiro deste ano, mas quase 35% acima do verificado em maio de 2019, em termos reais.

Os contratos futuros do boi gordo para o segundo semestre, negociados na B3, mostram um patamar de preços interessante para a atividade de confinamento, mas ainda inferior ao registrado em novembro e dezembro do ano passado, quando atingiram recordes. Estudo de acompanhamento de rentabilidade de confinamento mostra que, para este ano, o produtor que decidir confinar no segundo semestre, para entregar o bovino no final de dezembro, e negociar no mercado futuro ou a termo de dezembro/2020 (a R$ 210,00 por arroba), pode ter rentabilidade de até 5,02% ao mês (chegando a 16,55% em 95 dias), neste caso foram considerados os preços do milho futuro em julho, de R$ 44,47 por saca de 60 Kg, e os do boi magro de R$ 3.000,00 por cabeça. Foram considerados também ganho de peso diário de 1,7 Kg, rendimento de carcaça de 55% e custo da arroba engordada de R$ 184,68. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.