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19/Jun/2020

Carnes: EUA avançam nas habilitações para China

Um relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que os Estados Unidos vêm avançando rapidamente na habilitação de novos frigoríficos para a China. Entre janeiro e abril deste ano, foram 991 novas habilitações, o que corresponde a 94% do total das 1.061 plantas autorizadas a exportar para o país asiático no período. Para se ter ideia, em todo o ano passado foram aprovadas 644 plantas frigoríficas para exportação à China, número bem menor do que nos quatro primeiros meses de 2020. No ano passado, os Estados Unidos já representavam a maioria desse montante, com 54%.

A China vem aumentando o número de habilitações desde 2019 por conta das perdas no rebanho do país com o surto da peste suína africana (PSA), iniciado em meados de 2018 e, recentemente, pelas restrições logísticas impostas pela pandemia de Covid-19. Isso mostra que, mesmo em meio aos embates e acusações do presidente Donald Trump contra a China, as duas maiores potências econômicas do mundo evoluem no acordo comercial assinado em janeiro, que prevê a aquisição de US$ 200 bilhões em produtos norte-americanos por parte da China. Neste contexto, o receio da indústria de carnes brasileira é que, com o estreitamento das relações entre os países, o setor perca espaço com a China, seu principal mercado.

Somando Hong Kong e a China, corresponde a mais de 60% da carne bovina que o Brasil exporta. Não é a China que depende do Brasil, é o Brasil que depende da China. Porém, é importante ressaltar que os chineses estão comprando carne de diversos países. A carne brasileira ainda é mais barata do que o produto dos Estados Unidos e tem os requisitos para atender os mercados de todo o mundo. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) rechaça qualquer preocupação sobre danos às relações comerciais por conta do tom adotado por representantes do governo brasileiro. A entidade considera que o Brasil tem uma relação muito sólida com a China quando se trata de proteína.

Os chineses já mostram maior disposição para aumentar os volumes de aquisição no mercado de carnes internacional. De acordo com dados da Administração Geral de Alfândegas da China, no 1º trimestre de 2020 o país importou 2,17 milhões de toneladas de carne. Deste total, foram 951 mil toneladas de carne suína e 513 mil toneladas de carne bovina (os dados de aves não foram divulgados). Isso resulta em um aumento de 170% e 65%, respectivamente, sobre os volumes importados no 1º trimestre de do ano passado.

No relatório apresentado durante Conferência de Perspectivas Agrícola da China, em abril, a estimativa é que a produção de suínos deva cair 7,5% em 2020, para 39,3 milhões de toneladas. O mercado de suínos continua apertado, e o preço dos suínos vivos continuará alto. Para a CNA, ainda há espaço para Brasil e Estados Unidos no fornecimento ao mercado chinês, mas dentro do limite da recuperação do rebanho daquele país. Os números do Agrostat, base de dados do Ministério da Agricultura, demonstram como as vendas de carne ao país asiático registraram um grande salto nos quatro primeiros meses de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado, e acabam tendo maior peso da balança comercial do agronegócio.

No caso dos bovinos, os volumes mais do que dobraram, de 96 mil para 203,4 mil toneladas. Também houve um salto de 41,4% no caso dos frangos, de 157,6 mil para 222,9 mil toneladas, e de 161,1% para os suínos, de 50,4 mil para 131,6 mil toneladas. Com isso, a receita total dos embarques externos dos três itens do mercado de proteína para a China saiu de US$ 856,4 milhões para US$ 1,857 bilhão. A expectativa apresentada na Conferência de Perspectivas Agrícola da China é de que só em 2022 o país retome o mesmo nível da produção vista entre 2016 e 2018. Até lá, esse gargalo entre o que era produzido e o consumo será fornecido pelo mercado externo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.