19/Jun/2020
As incertezas sobre consumo de derivados no médio e longo prazo, diante da atual crise por causa da pandemia de Covid-19, foram reforçadas em abril, contexto que reduziu o investimento das indústrias em estoques, pressionando as cotações do leite no campo em maio. A “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) em maio (referente à captação do mês anterior) chegou a R$ 1,3783 por litro, recuo de 4,7% frente ao mês anterior e de 10,8% em relação a maio/2019 (valores reais, deflacionado pelo IPCA de maio/2020).
No entanto, o avanço da entressafra da produção nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, a estiagem na Região Sul e a consequente menor oferta de leite no campo devem elevar as cotações aos produtores em junho, recuperando a queda observada em maio. O preço da matéria-prima no campo é formado depois das negociações quinzenais do leite spot (negociação de leite cru entre indústrias) e da venda dos derivados lácteos.
Assim, as cotações do spot e dos derivados de maio irão influenciar os valores do leite captado naquele mês, que serão pagos ao produtor em junho. Nesse sentido, a defasagem temporal entre a produção e a comercialização dos derivados causa o delay de um mês nesse repasse das condições de mercado para o produtor. Em maio, a menor disponibilidade de leite no campo acirrou a competição entre os laticínios para a compra de matéria-prima.
O preço médio mensal do leite spot em Minas Gerais em maio foi 6,7% superior ao de abril, em termos nominais. A menor oferta de matéria-prima no mês passado, por sua vez, intensificou a redução dos estoques de UHT, muçarela e leite em pó, que, vale lembrar, já vinham limitados, devido à menor produção em abril, por conta das incertezas geradas pela pandemia. Adicionalmente, agentes de mercado informaram que a demanda por derivados lácteos se mostrou mais firme em maio em comparação com abril, cenário que favoreceu a recuperação das cotações dos lácteos.
As negociações do leite spot estiveram aquecidas nas duas quinzenas de junho, mas com maior intensidade na segunda quinzena. Na média deste mês, o preço do spot em Minas Gerais ficou 45% acima do de maio, em termos nominais, chegando a R$ 2,28 por litro. Os estoques de UHT e muçarela seguiram limitados, o que resultou em altas acumuladas de 11,7% e de 13,4% nas cotações, respectivamente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.