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15/Jun/2020

Boi: cresce participação da China nas exportações

A China é uma parceira muito importante do Brasil, e a participação do país asiático nas vendas de produtos do agronegócio nacional tem crescido nos últimos meses. De janeiro a abril deste ano, pouco mais de 37% de todo o volume do agronegócio exportado pelo Brasil teve como destino a China. Como comparação, nos primeiros quadrimestres de 2019 e de 2018, a parcela chinesa correspondia por 30% das exportações totais de produtos do agronegócio. No caso da carne bovina, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), especificamente em maio, quase 65% das exportações brasileiras da proteína tiveram como destino a China e Hong Kong. No mesmo mês de 2019, essa região asiática correspondia por 40,7% das vendas brasileiras. De modo geral, pode-se afirmar que essa parcela mensal registrada em maio foi a maior para um único destino.

Isso porque a maior participação de um único país foi verificada em julho de 1997, quando as vendas para a União Europeia corresponderam por 72,3% do total, mas o equivalente a apenas 9,73 mil toneladas (a Secex começou a divulgar dados de exportação em 1997). Em maio deste ano, China e Hong Kong, juntos, foram destino de 118 mil toneladas de carne bovina (in natura e industrializada), das 182,6 mil toneladas embarcadas pelo Brasil. Essa participação da China junto com Hong Kong nos embarques brasileiros de carne bovina gera otimismo ao setor pecuário, especialmente neste atual momento de poder de compra enfraquecido da população brasileira. A boa performance das vendas externas tem favorecido a sustentação dos preços domésticos do boi gordo ao longo de 2020, em torno de R$ 200,00 por arroba. Essa firmeza nos valores do boi gordo, por sua vez, traz certo alento ao setor neste momento de custos em alta (dólar elevado e encarecendo valores de insumos importados, bezerro em patamar recorde real e milho e farelo de soja valorizados), possibilitando que os pecuaristas planejem seus investimentos para o segundo semestre.

As exportações de carne bovina aquecidas também têm ajudado o desempenho de todo o ramo pecuário nacional. Cálculos indicam que, no primeiro trimestre de 2020, o PIB deste ramo cresceu expressivos 6,11%, contra avanço de 1,91% no agrícola. Diante disso, o PIB do agronegócio nacional aumentou 3,29% no período. Por outro lado, essa forte dependência da China e de Hong Kong gera um importante alerta. Exportações concentradas em um único destino estão suscetíveis a eventos sanitários ou político-econômicos. A Rússia é um exemplo disso. Em 2017, o país era destino de 40% de toda a carne suína exportada pelo Brasil e de 11% da proteína bovina e, no final daquele ano, suspendeu as importações de ambos os produtos do País, alegando um fator sanitário. Ainda que a relação comercial entre esses países tivesse um histórico importante até aquele momento, o embargo durou tempo suficiente para gerar perdas significativas, especialmente a suinocultores e agroindústrias brasileiras.

Assim, verifica-se que este é um oportuno momento para que indústrias brasileiras busquem ampliar e diversificar seus demandantes, ainda que a atual crise mundial por conta da pandemia de coronavírus possa limitar a conquista de possíveis novos mercados ao Brasil. O que tem a favor do País é a carne mais competitiva, favorecida pelo patamar elevado do câmbio. Além disso, os contínuos casos de peste suína africana (PSA) tanto na Ásia quanto em países da Europa e da África e casos recentes de febre aftosa na China podem sustentar a demanda internacional e direcionar novos compradores ao Brasil. De janeiro a maio deste ano, o Brasil embarcou 731,08 mil toneladas de produtos de origem bovina (in natura e industrializada), 5,66% a mais que no mesmo período de 2019, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Juntos, China e Hong Kong compraram na parcial deste ano 56,5% desse total, ou seja, 413,22 mil toneladas. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve incremento de 52,21% no volume enviado ao destino asiático. As exportações de carne bovina in natura fecharam a primeira semana de junho registrando o total de 27,37 mil toneladas, sendo embarcadas diariamente média de 5,47 mil toneladas. Esse ritmo está abaixo do verificado na primeira semana de maio, quando a média diária de embarque estava em 10,7 mil toneladas, mas acima do volume diário de junho de 2019, de 6,27 mil toneladas. Caso essa quantidade se mantenha firme até o final deste mês, o volume pode atingir 110 mil toneladas, pouco abaixo das 111,51 mil toneladas exportadas em junho de 2019. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.