02/Jun/2020
Os preços do boi gordo iniciam junho firmes no mercado físico, puxados pela demanda externa por carne bovina e por uma oferta restrita de bovinos terminados para abate em regiões de pecuária do País. Em São Paulo, o boi gordo está cotado a R$ 191,00 por arroba à vista, no caso dos bovinos destinados ao abate para atender o mercado interno. Os bovinos de até 30 meses, destinados ao abate para a China, estão cotados a R$ 205,00 por arroba. A oferta de boiadas está limitada, o que mantém as cotações firmes. O mês de maio terminou mais firme do que se esperava. A expectativa era de baixa nos preços do boi por conta do consumo doméstico fraco. Foi sobretudo a demanda da China por carne bovina do Brasil que sustentou o mercado. O recuo na demanda doméstica por causa das medidas para conter a Covid-19 levou frigoríficos a reduzir os abates para o mercado interno. Mas, a demanda externa sustentou a arroba.
Porém, a China, que tem ajudado a valorizar a arroba do boi, pode ser um fator de pressão no futuro próximo. Isso porque, o país asiático vem tentando renegociar contratos, além de estar indicando preços mais baixos nas novas compras. A China continua buscando carne brasileira, mas como já adquiriu um volume muito grande nos últimos dois meses, fez estoque. Agora, tem poder negociação maior. As cotações firmes do boi são sustentadas também pela baixa disponibilidade de bovinos terminados, apesar do fim do período de chuvas, e pelo forte ritmo das exportações de carne bovina. Diante do consumo retraído nos grandes centros urbanos, a estratégia dos frigoríficos é adequar a produção ao escoamento dos cortes no mercado doméstico. No Paraná, a oferta é limitada. Para preencher as escalas de abate, os frigoríficos elevam as indicações para R$ 180,00 por arroba. Em Goiás, as indústrias operam com escalas encurtadas e dificuldade de comprar bovinos. Com isso, a o boi gordo registra avanço, para R$ 184,00 por arroba.
O comportamento dos preços mostra que a entressafra do boi está ganhando força nas regiões de pecuária. Pode haver um “gargalo” na oferta a partir de meados de junho, uma vez que os bovinos provenientes do primeiro giro de confinamento, iniciado entre abril e maio, devem estar prontos para o abate apenas a partir de julho e agosto, dependendo do tempo de engorda intensiva. Em São Paulo, no atacado, os preços dos cortes continuam estáveis, em decorrência da produção menor por parte dos frigoríficos. Os cortes de dianteiro e ponta de agulha avulsos permanecem cotados a R$ 12,10 por Kg. A flexibilização das medidas de isolamento social em algumas regiões pode ter algum reflexo positivo no consumo de carne bovina, mas o aumento deve ser restrito. A entrada de massa salarial de parte da população na primeira semana de junho também pode levar a um avanço na demanda no atacado. No entanto, as expectativas de curto prazo acerca do consumo de carne no País ainda seguem incertas.