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29/Mai/2020

Boi: interdição de plantas pode ter impacto regional

A interdição da unidade de abate de bovinos da JBS em São Miguel do Guaporé (RO), em decorrência do avanço dos casos de contaminação pelo novo coronavírus entre empregados, não deve prejudicar o mercado físico de boi de maneira geral, mas pode ter um impacto regional. Além disso, a interdição acende o alerta para o risco de o problema ocorrer em outras unidades de produção do País. A JBS, que foi acusada pelo Mistério Público do Estado de Rondônia e pelo Ministério Público do Trabalho de desrespeitar as normas para conter a Covid-19, afirmou que desde o início dessa pandemia tem adotado um rígido protocolo de prevenção em suas unidades. A própria JBS tem outros frigoríficos no estado de Rondônia, como em Vilhena e Pimenta Bueno. Assim, pode redirecionar para essas unidades os bovinos que seriam abatidos em São Miguel do Guaporé enquanto essa planta estiver sem operar.

Há também outras empresas atuando na região, para as quais os pecuaristas podem vender os bois para abate. No entanto, uma pressão de baixa do boi gordo na região por parte de frigoríficos não está descartada. Pode haver pressão de baixa, pontualmente, mas não há muita margem para isso neste início de entressafra. Em Rondônia, na região sudeste, o boi gordo está estável, a R$ 172,50 por arroba a prazo. A preocupação é se houver um agravamento do problema, com interdições de mais plantas de bovinos em outras regiões do Brasil por causa da pandemia. Isso ocorreu nos Estados Unidos e levou a uma queda na produção de carnes pelo País. Após a crise financeira de 2009, várias unidades de bovinos no Brasil deixaram de operar e o preço do boi recuou de forma generalizada. Se tem menos unidade produzindo, o boi recua. Por enquanto, o problema se refere a uma planta de abate, com capacidade cerca de 1 mil bois por dia. Mas, se houver outros fechamentos de unidades, o cenário se agrava.

Mas, por enquanto não há risco de falta de carne no mercado, uma vez que existe a possibilidade de redirecionar os bovinos para abate em outras unidades. Há mecanismos para diluir o problema, já que existe capacidade ociosa no setor de frigoríficos de carne bovina no Brasil. A capacidade de abate é de 60 milhões de cabeças, mas a utilização é de 40 milhões de cabeças. Esse é um diferencial do Brasil em relação ao setor de carne bovina nos Estados Unidos no cenário atual. Nos Estados Unidos, não existe ociosidade e os frigoríficos têm capacidade de abate muito superior à das plantas brasileiras, o que dificulta o remanejamento dos abates. Nos Estados Unidos, a capacidade chega a 5 mil cabeças por dia, enquanto no Brasil a capacidade máxima é de 1,5 mil cabeças. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.