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29/Mai/2020

Leite: preço pago ao produtor recua no mês de maio

Depois de registrarem altas consecutivas de dezembro de 2019 a abril de 2020, os preços pagos ao produtor caíram em maio. A “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) em maio, referente à captação do mês anterior, chegou a R$ 1,3783 por litro, recuos de 5% frente ao mês anterior e de 11,2% em relação a maio/2019 (em termos reais, com valores deflacionados pelo IPCA de abril/2020). A desvalorização do leite no campo esteve atrelada às incertezas no mercado de derivados em abril, decorrentes da crise por causa da pandemia de coronavírus. Abril marcou o primeiro mês completo de enfrentamento à pandemia e de, consequentemente, uma nova dinâmica de consumo da população. Além de o atendimento dos serviços de alimentação (importantes canais de distribuição de lácteos) ter sido prejudicado pelo agravamento da pandemia, também houve a diminuição da frequência das compras por parte dos consumidores, diante da redução da renda de muitas famílias.

Esses fatores impactaram negativamente sobre a demanda de derivados no correr de abril. O preço do leite UHT registrou queda acumulada de 17,8% em abril. Ainda assim, a média mensal, de R$ 2,87 por litro, ficou 8,41% acima da registrada em março/2020 (quando, vale lembrar, foi verificado o choque de demanda no início do isolamento social). O mercado de queijo muçarela também foi afetado pelas incertezas do cenário atual, registrando demanda enfraquecida e volume reduzido de negociações. Esse derivado apresentou desvalorização acumulada de 8,3% em abril, e o preço médio mensal fechou a R$ 17,93 por Kg, recuo de 5,97% em relação ao de março. A dificuldade em se assegurar a liquidez impactou negativamente na produção deste lácteo em abril. Como consequência, houve aumento da oferta de leite cru no mercado spot (negociação entre indústrias) em abril. Em Minas Gerais, o preço médio do leite cru caiu 7,3% na primeira quinzena de abril e 11,7% na segunda quinzena.

Por outro lado, a entressafra da produção leiteira avança nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na Região Sul, a estiagem prejudica a atividade e compromete a quantidade e a qualidade da produção de silagem para os próximos meses. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou queda de 0,6% de março para abril na “Média Brasil” e acumula baixa de 12,4% neste ano. Tipicamente, neste cenário, as indústrias empenhariam esforços para recompor seus estoques. Contudo, as perspectivas negativas sobre o consumo no médio e longo prazos aumentaram o nível de incerteza em abril e diminuíram o investimento das indústrias em estoques, pressionando as cotações no campo em maio. Como o preço do leite ao produtor é formado depois das negociações quinzenais do leite spot (negociação de leite cru entre indústrias) e das vendas de lácteos, as cotações no campo de junho refletirão o mercado de derivados de maio.

Durante este mês, observou-se que a produção de leite no campo diminuiu. Como consequência, o preço médio mensal do leite spot em Minas Gerais em maio foi 6,7% maior que o de abril, em termos nominais. A menor oferta no campo em maio e a menor produção de derivados em abril, por sua vez, reduziram os estoques de UHT e muçarela neste mês, favorecendo o aumento das cotações. No acumulado parcial de maio, há alta acumulada de 14,4% para as cotações de UHT e elevação de 15,7% para a muçarela. Ainda assim, as médias mensais parciais dos preços do UHT e da muçarela neste período, de R$ 2,68 por litro e de R$ 17,90 por kg, são 6,62% e 0,1% menores que as respectivas médias de abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.