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28/Mai/2020

Carnes: diretrizes de segurança para os frigoríficos

Maior exportador de carne bovina e de frango, o Brasil aposta em novos padrões de segurança para evitar qualquer tipo de paralisia devido ao coronavírus, o que aconteceu em frigoríficos nos Estados Unidos, causando escassez de carne e alta de preços. O governo brasileiro planeja introduzir novas diretrizes nacionais que incorporem requerimentos de autoridades locais e procuradores do Trabalho. Até agora, o setor tem operado sob protocolos estabelecidos com o governo federal. Os surtos de Covid-19 nos frigoríficos dos Estados Unidos levaram a uma onda de fechamentos que fez mais do que dobrar os preços de carne suína e bovina no país em abril. Embora a indústria brasileira tenha evitado grandes interrupções até agora, procuradores e autoridades locais determinaram o fechamento de várias plantas por medida de segurança.

Na segunda-feira (25/05), a Marfrig informou que 25 trabalhadores em uma unidade em Mato Grosso foram diagnosticados com Covid-19 e pelo menos um deles morreu. Manter o setor de frigoríficos em operação é prioridade da ministra Tereza Cristina. Uma ruptura na cadeia de suprimentos afetaria os consumidores brasileiros no momento em que o País se torna um epicentro da pandemia. Uma queda na produção também atingiria mercados globais de aves e carne bovina. Por enquanto, o risco de desabastecimento é improvável, a não ser que se perca totalmente o controle do País. Frigoríficos como JBS, BRF e Marfrig passaram a distribuir máscaras para trabalhadores, intensificar a desinfecção, instalar barreiras físicas entre funcionários, limitar grupos nas áreas comuns e, em alguns casos, contratar pessoas para compensar ausências.

Algumas empresas assinaram acordos com procuradores que incluem compromissos de testar os trabalhadores para o coronavírus. Outras, incluindo a JBS, se recusaram a assinar tais acordos. Um único protocolo nacional estabeleceria as mesmas diretrizes para todos os produtores. Outro risco é a segurança dos cerca de 800 inspetores em ação pelo País. e não houver fiscais, as plantas têm que fechar, porque a parte de vigilância sanitária e inspeção é fundamental para a saúde pública. O Brasil será menos afetado pelas restrições à circulação de pessoas e insumos por causa da pandemia, prevê a ministra. Isso se deve ao fato de o agronegócio brasileiro trabalhar com duas ou até três safras, enquanto produtores do Hemisfério Norte, como os Estados Unidos, têm apenas uma, afirmou a ministra.

Além disso, o gado no Brasil é engordado em extensas pastagens, exigindo um número maior de frigoríficos menores próximos a fazendas. Uma das preocupações da ministra é garantir que o vírus não prejudique os pequenos e médios produtores agrícolas. Ela sugeriu que o governo facilite crédito para ajudar quem precisa a sobreviver à crise. Tereza Cristina aposta que o Brasil pode se beneficiar do cenário pós-pandemia desde que leve em conta questões ligadas à imagem do País no exterior. Uma das maneiras de melhorar a percepção do Brasil é resolver antigos problemas de regularização fundiária na Amazônia, por exemplo, o que poderia ajudar a superar o crescente protecionismo, especialmente na Europa. Jair Bolsonaro provocou indignação internacional por causa da alta do desmatamento e de políticas que priorizam a exploração comercial de terras em detrimento de direitos indígenas.

Em vídeo de reunião ministerial do dia 22 de abril, cuja divulgação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, instou o governo a pressionar por mais desregulamentação enquanto a atenção das pessoas está voltada para a pandemia. O Brasil também é frequentemente criticado por sua regulamentação fraca sobre pesticidas e agroquímicos. A deterioração da imagem do País levou alguns produtores e parlamentares europeus a atacar um acordo comercial assinado no ano passado entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo Tereza Cristina, há má vontade da Europa com o Brasil porque existe uma competição e a agropecuária europeia está em declínio. A ministra é ocasionalmente atacada nas redes sociais pela ala mais radical dos apoiadores de Bolsonaro, que a acusam de ser muito próxima à China comunista, o maior parceiro comercial do Brasil. Fonte: Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.