14/Mai/2020

A prorrogação das medidas de isolamento para conter a disseminação do novo coronavírus em várias regiões do País e a época do mês afetam a demanda doméstica por carne bovina e tem gerado lentidão no mercado físico de boi gordo, que registra volume baixo de negócios e apenas mudanças pontuais nos preços. O único fator positivo, especialmente neste momento de maior dificuldade de reter os bovinos no campo, é a demanda para a exportação, que segue aquecida nestes primeiros dias do mês de maio. Os preços do boi gordo se mantêm estáveis na maior parte das regiões pecuárias. Em São Paulo, a cotação é de R$ 191,00 por arroba à vista, livre de Funrural e de R$ 200,00 por arroba a prazo. O bom desempenho da exportação contribui para a manutenção da cotação firme, apesar do consumo no mercado interno seguir enfraquecido.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros cinco dias úteis de maio, o Brasil exportou 53,50 mil toneladas de carne bovina in natura, com uma receita de US$ 235,21 milhões. A média diária ficou em 10,7 mil toneladas, o que representa uma alta de 84,1% sobre o mês anterior e um aumento de 89,3% em comparação com igual período de 2019. A demanda da China, que se recupera das paralisações devido à Covid-19, ainda é o principal motor de estímulo ao fluxo das exportações brasileiras. As sanções impostas pelos chineses a unidades exportadoras de carne bovina da Austrália e o fechamento de frigoríficos nos Estados Unidos também contribuem para os embarques brasileiros. O avanço do tempo seco na Região Centro-Sul já faz a oferta de bovinos crescer, e a tendência é de que os preços percam a firmeza no curto prazo, à medida que a disponibilidade aumenta.

O ano de 2020, contudo, é de retenção de fêmeas. Assim, a expectativa é de um fim de safra menos pressionado. A menor capacidade de retenção dos bovinos no pasto pelos pecuaristas está elevando a oferta de boi gordo. Em Mato Grosso do Sul, já é possível sentira a pressão sobre os preços. O boi gordo está cotado a entre R$ 179,00 e R$ 180,00 por arroba. O baixo interesse dos frigoríficos também contribui para a pressão. Na Região Norte, onde o volume de chuvas ainda permite segurar o gado no pasto, o boi gordo está firme. No Pará, a cotação está entre R$ 183,00 e R$ 185,00 por arroba. Em São Paulo, no atacado, os principais cortes bovinos se mantêm estáveis, mas sem espaço para maiores ajustes, em função da inconsistente demanda doméstica. O dianteiro avulso e a ponta de agulha avulsa seguem cotados a R$ 12,10 por Kg.