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28/Abr/2020

Suíno: coronavírus afeta setor e gera volatilidade

Segundo o Rabobank, a pandemia do novo coronavírus fez a demanda por carne suína sofrer um choque de curto prazo devido às medidas de isolamento adotadas por diversos países enquanto produtores e indústrias enfrentam interrupções na cadeia de suprimentos. A queda acentuada no primeiro trimestre deste ano da demanda por carne suína na América do Norte devido a medidas de quarentena e a redução semelhante na Europa podem se estender em breve para as outras regiões afetadas pela Covid-19. A demanda asiática pelo produto está se recuperando, mas continua limitada por disponibilidade e preço. Num cenário de perturbações em mercados locais combinadas com déficits das proteínas na Ásia, a expectativa é de volatilidade contínua dos preços da carne suína em 2020. O efeito combinado da destruição da demanda no curto prazo e interrupções na indústria devido a restrições de mão de obra por causa da quarentena enfraqueceu a margem dos produtores e desacelerou o crescimento da produção. Um crescimento mais fraco do PIB pode pressionar ainda mais a demanda, tornando o ambiente operacional do segmento ainda mais desafiador.

Na China, maior consumidor global da proteína, os preços firmes refletem a recuperação lenta do rebanho em decorrência da peste suína africana (PSA) e da demanda. O interesse do produtor chinês em recompor o rebanho de suínos permanece firme, resultando em tendência de aumento dos custos dos leitões. Os persistentes surtos de PSA são uma preocupação e limitam o crescimento de pequenos produtores. A demanda está se recuperando no país asiático, embora mais lentamente do que o previsto. No caso do Brasil, o ritmo das exportações segue forte, mesmo com a Covid-19, puxado pela demanda da China. A fraqueza do Real ante o dólar e a queda na disponibilidade na Ásia devem sustentar um crescimento contínuo, ajudando a compensar o consumo doméstico mais fraco. Mas, os produtores de suínos enfrentam custos mais altos do milho no Brasil, o que deve limitar a produção. Na Europa, o crescimento da demanda asiática pela carne suína produzida no bloco ajudou a compensar as interrupções devido à Covid-19. Casos de PSA na Polônia na fronteira com a Alemanha geram receios.

Nos Estados Unidos, o fechamento de plantas de abate e a demanda fraca no food service fizeram os preços do suíno recuar 35% nas últimas semanas. Há escassez de mão de obra por causa da Covid-19, um fator de incertezas no segmento. Isso levou a um acúmulo de suínos no mercado, o que deve rapidamente atingir níveis críticos, dada a oferta recorde. Ainda que os preços da carne suína tenham recuado, tiveram alguma sustentação das exportações. Os efeitos da pandemia de Covid-19 devem continuar monopolizando as atenções mercado global de carne suína até pelo menos o próximo trimestre. Isso porque enquanto a PSA pressiona a produção em grande parte da Ásia e algumas partes da Europa, a Covid-19 restringe tanto a produção quanto o consumo. Para 2020, a previsão é de que a economia mundial terá queda de 2,6%. A expectativa é de recuperação em 2021, com crescimento econômico mundial de 5,3%. A crise financeira global em 2008/2009 também levou a forte retração nas economias, mas o efeito na demanda por proteína animal foi relativamente fraco.

Em geral, as crises econômicas têm um impacto maior no valor da proteína animal do que no volume consumido. A principal diferença da crise atual é que o consumo de proteína animal também está sendo impactado pelo forte declínio no food service. A rapidez com que a demanda melhorará nesses setores depende principalmente da duração das quarentenas. No entanto, a persistente incerteza entre consumidores e empresas provavelmente dificultará a recuperação da demanda no food service, mesmo após o término das medidas de isolamento social. A recuperação do mercado de trabalho é outro fator que influencia o food service. O crescimento do emprego leva pelo menos meio ano após uma recuperação econômica. Isso implica que, se os bloqueios terminarem no segundo trimestre de 2020, é possível que os mercados de trabalho se recuperem antes do fim do ano. Como o comércio internacional também sofrerá, a demanda por proteína animal deve permanecer abaixo das expectativas até 2021. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.