23/Abr/2020

Em São Paulo, no atacado, os preços da carne bovina, ao contrário das principais concorrentes (suína e de frango), continuam firmes. No acumulado da parcial deste mês, enquanto a carcaça casada do boi registra apenas leve desvalorização de 1%, os valores da carcaça suína apresentam recuo de expressivos 22% e os valores do frango resfriado, queda de 15,33%. No geral, a sustentação para a carne bovina vem da baixa oferta de bois prontos para o abate e também do bom ritmo das exportações brasileiras dessa proteína.

No mercado de suínos, a oferta se sobrepõe à demanda. Quanto ao frango, a disponibilidade doméstica também está superior à demanda, mas muitos avicultores já começam a relatar diminuição no alojamento. A sustentação da carcaça casada do boi em abril, por sua vez, se deve às firmezas nos preços do dianteiro (que registra pequena queda de 0,23%) e da ponta de agulha (que apresenta alta de 0,88%), tendo em vista que o traseiro está se desvalorizando no período, 2,21%.

No balanço do ano (de janeiro até o dia 20 de abril), enquanto o valor do dianteiro sobe 9,5%, as cotações do traseiro e da ponta de agulha registram respectivas quedas de 4,73% e de 7,45%. Ressalta-se que esses movimentos de valorização do dianteiro e de desvalorização do traseiro são típicos em primeiros semestres, ao passo que a segunda metade do ano é marcada pelo comportamento inverso, ou seja, de recuperação nos preços do traseiro e de queda nos do dianteiro. Em 2020, essa alta na cotação do dianteiro está relacionada ao bom desempenho das vendas externas deste corte, especialmente à China.

Além disso, a demanda doméstica por carnes mais baratas também pode estar sustentando os preços do dianteiro. Enquanto os preços da carne estão firmes, os do boi gordo estão enfraquecidos. Esse cenário resulta em distanciamento entre os valores médios do boi e da carne. Em abril, o preço médio do boi gordo em São Paulo está em R$ 199,86 por arroba à vista, com pequena queda de 0,24% frente ao mês anterior. Já a carcaça casada do boi negociada no atacado registra média de R$ 212,55 por arroba, alta de 1,5% em relação à de março.

Diante disso, a diferença entre os valores do boi gordo e da carne bovina está em R$ 12,69 por arroba nesta parcial de abril, a maior desde junho de 2018, quando esteve em R$ 12,76 por arroba. Naquele mês, vale lembrar, houve a greve dos caminhoneiros e consequente forte dificuldade no abastecimento do mercado, o que resultou em aumento nos preços da carne bovina e em queda nos valores do boi gordo. Em março de 2020, a diferença era de R$ 9,05 por arroba (com vantagem para a carne bovina) e em abril de 2019, de apenas R$ 3,24 por arroba.

Quanto às exportações, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros de carne bovina in natura somaram 67,3 mil toneladas até a terceira semana de abril. A média diária das exportações está em 5,61 mil toneladas, acima das 5,38 mil toneladas verificadas em abril de 2019. Caso esse ritmo se mantenha, o Brasil registraria o 22º mês consecutivo de embarques de carne in natura acima de 100 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.