17/Abr/2020
A pecuária nacional, que enfrenta dificuldades decorrentes da pandemia novo coronavírus, pode aprender com outro momento difícil vivido pelo setor: a crise de 2017, provocada pela Operação Carne Fraca e pela delação premiada de executivos da JBS. A operação Carne Fraca, em março/2017, levou empresas a suspenderem compras, pressionando as cotações do boi. A delação da JBS, em maio daquele ano, também afetou as vendas de bovinos e interrompeu um movimento de recuperação de preços. No cenário de 2017, os pecuaristas se viram desestimulados e deixaram de confinar bovinos a partir de maio/junho, limitando a oferta entre agosto e setembro, o que resultou em forte alta de preços da arroba no fim de julho daquele ano e pico nas cotações em setembro. Ao olhar para 2017, há sinais de que neste ano poderá se observar uma forte redução no volume de bovinos indo para confinamento nas próximas semanas e meses.
Além da pandemia, os preços dos bois para reposição estão em patamares recordes reais em muitas regiões e as cotações do milho e do farelo estão elevadas. Sem contar insumos importados que subiram em decorrência da alta do dólar. Assim, é possível que o segundo semestre seja marcado por baixa oferta de bois para abate. No entanto, isso não significa que os preços dos bovinos irão subir como em 2017. A razão é que a demanda doméstica pode registrar forte retração e pode haver migração para proteínas mais baratas, como carne de frango e ovos. Neste ano, as exportações devem ser a “válvula de escape” do setor. A China, maior cliente do Brasil, seguiu demandando elevados volumes no primeiro trimestre de 2020. Os volumes totais embarcados para diversos destinos no primeiro trimestre foram recordes. O volume maior e a alta do dólar garantiram receita com as exportações de carne bovina in natura de mais de US$ 1,6 bilhão nos três primeiros meses deste ano. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.