ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Abr/2020

Boi: indústria do RS contra exportar os bois vivos

Num momento em que a crise provocada pela pandemia do coronavírus afeta o consumo de carne bovina e provoca redução nos abates de bovinos no Rio Grande do Sul, o sindicato que reúne os frigoríficos no Estado teme que as exportações de gado vivo este ano fragilizem ainda mais o setor. Após um embarque recorde de 20 mil bovinos pelo Porto de Rio Grande (RS) na semana passada para a Jordânia, o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do RS (Sicadergs) manifestou ao governo estadual a preocupação. A indústria frigorífica vem trabalhando com ociosidade há alguns anos por falta de bovinos para abate e a exportação de bois vivos tende a enfraquecer mais ainda a indústria, uma vez que todo bovino exportado vai deixar de ser abatido no Estado.

A exportação dos bovinos para abate em outros países significa exportação de empregos e, outros setores, não apenas o de frigoríficos, são afetados por esse tipo de operação. Como exemplo pode-se citar os setores calçadista e automotivo, que utilizam o couro bovino como matéria-prima. Além disso, o abate de bovinos também gera outros subprodutos utilizados na fabricação de ração, sabão e pela indústria farmacêutica. Outro ponto é que a exportação de bovinos não gera arrecadação para o Estado. No documento enviado ao governo, o sindicato informa que a previsão é de que o Rio Grande do Sul exporte mais de 200 mil bovinos vivos este ano, o equivalente à movimentação anual de cinco frigoríficos médios.

A intenção é discutir alternativas junto com o governo e buscar soluções, como uma linha de crédito para reter o boi e incentivo fiscal para a matéria-prima ficar no Estado. Com as exportações de bois vivos, a oferta de bovinos no Rio Grande do Sul, que já está restrita em decorrência de estiagem no Estado, fica ainda mais apertada. E esse não é o único problema atual do setor. A situação atual é imprevisível. Já havia dificuldade de matéria-prima e agora há redução de consumo. Na primeira semana da quarentena por causa do novo coronavírus, houve uma corrida às compras e aumento nas vendas de cortes bovinos. Mas, a partir da segunda semana, houve queda muito significativa na demanda, sobretudo pelos cortes para churrasco. As pessoas não estão confraternizando, restaurantes e hotéis estão fechados.

Com a demanda menor por carne, os frigoríficos do Estado têm reduzido os abates de bovinos. Não há registro de empresa que tenha suspendido completamente a atividade, mas estão reduzindo dias de abate. O Sicardegs reúne 50 frigoríficos, responsáveis por 75% dos abates de bovinos no Rio Grande do Sul. O Estado abate anualmente 2,2 milhões de cabeças. A capacidade total de abate no Rio Grande do Sul é de 3 milhões de cabeças a cada ano. A ociosidade era de 20% a 25% em relação à capacidade de abate. Agora, a ociosidade está em 40%. A principal razão para esse cenário é a queda no consumo por causa do novo coronavírus. As empresas do setor podem ter de recorrer a reduções de jornada ou até mesmo demissões a depender do tamanho do impacto do coronavírus na demanda. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.