02/Abr/2020
Em meio a tantas incertezas relacionadas ao operacional da cadeia e ao comportamento da demanda, seja interna ou externa, para curto e médio prazos, o mercado pecuário esteve instável no correr de março. Os preços do boi gordo iniciaram o mês bastante firmes, sustentados pela baixa oferta de bovinos para abate. Assim, em praticamente toda a primeira quinzena do mês passado, o preço médio do boi gordo em São Paulo esteve na casa dos R$ 200,00 por arroba, atingindo R$ 204,70 por arroba no dia 13 de março. No início da segunda metade do mês, o avanço de casos de coronavírus no Brasil trouxe incertezas aos agentes de mercado, que passaram a trabalhar com bastante cautela.
O receio de agentes era de que as medidas adotadas por governos para conter o avanço da pandemia pudessem dificultar a logística nacional. Nesse contexto, os operadores entraram e saíram do mercado, buscando comprar e vender bovinos apenas quando tinham maior urgência. Nesse período, os preços do boi gordo se enfraqueceram, e o preço médio em São Paulo chegou a R$ 187,40 por arroba no dia 18 de março. No encerramento do mês passado, o cenário voltou a se alterar.
Neste caso, o aquecimento da demanda do varejista no mercado atacadista, no intuito de abastecer os supermercados, resultou em novo movimento de elevação nos preços do boi gordo, que acabaram recuperando as perdas registradas em meados do mês. A demanda para exportação também seguiu dando sustentação às compras de bovinos a preços maiores. Além disso, a baixa disponibilidade de bovinos voltou a ficar evidente, o que fez com que pecuaristas recuassem as ofertas de valores menores, levando os frigoríficos a indicarem preços mais altos. No acumulado de março, o preço médio do boi gordo em São Paulo registrou leve alta de 0,7%, a R$ 203,15 por arroba.
O mercado de reposição, por sua vez, esteve em ritmo lento por causa do cenário incerto. A diminuição dos negócios realizados via leilões, bem como a baixa disposição de venda por parte de pecuaristas, fez com que a procura estivesse maior do que a oferta. Em São Paulo, os bezerros foram negociados em torno dos R$ 1.900,00, e os bois magros, por volta dos R$ 2.800,00. Quanto ao bezerro (nelore, de 8 a 12 meses), segue negociado em patamares bastante elevados. No caso do bovino de reposição, os preços continuam atingindo recordes reais da série histórica do Cepea, iniciada em 1994. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.