02/Abr/2020
Segundo a certificadora Cdial Halal, a pandemia do novo coronavírus deve provocar ajustes na demanda por carnes Halal, produzidas conforme os preceitos islâmicos. A interdição a peregrinações de estrangeiros à cidade de Meca, na Arábia Saudita, e a necessidade de mudanças na celebração do Ramadã, devido à Covid 19, devem levar a esses ajustes. Mais um desafio para as indústrias de carnes do Brasil, uma das maiores fornecedoras de proteínas Halal no mundo. Neste ano, para evitar a disseminação da doença, países e comunidades muçulmanas já se preparam para um Ramadã atípico. Normalmente, durante esse mês do calendário islâmico, os muçulmanos se reúnem nas casas com convidados ou nas mesquitas após o jejum para comer e confraternizar. Mas, a pandemia deve exigir mudanças de comportamento. Este ano as pessoas irão celebrar em casa, sem convidados.
As peregrinações à Meca, agora suspensas, costumam levar cerca de 2,5 milhões de pessoas à cidade nesta época do ano, com um consumo muito forte de alimentos. Sem esses peregrinos, a Arábia Saudita está direcionando a outras regiões do país as proteínas importadas que teriam como destino Meca. E outras mudanças devem ocorrer este ano em mercados que consomem produtos Halal exportados pelo Brasil. Diante das limitações no food service, a demanda por produtos de varejo será mais expressiva. Não é catastrófico, em termos de ajuste da produção. O maior desafio é logístico. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) admite que pode haver uma variação para baixo na demanda por carne de frango Halal este ano em função do novo cenário, mas nada preocupante. Os produtos importados para as festividades do Ramadã já estão estocados em seu destino.
Pode haver uma leve diminuição do consumo, mas pode haver também transferência de local de consumo, de lugar de estoque, como se tem visto no Brasil, em função da pandemia. O produto brasileiro tem uma presença sólida nos países do Oriente Médio, que não compram por oportunidades. O Brasil é o maior exportador de frango Halal do mundo. Atualmente, cerca de 40% das exportações de frango do País são Halal, ou quase 1,650 milhão de toneladas por ano. Os principais clientes do produto são os países do Oriente Médio, além do norte da África, Malásia, comunidades muçulmanas na Europa, Japão e China. Até o momento, as exportações de frango Halal têm fluido bem, e o setor tem usado a experiência do que ocorreu na China, onde o novo coronavírus afetou a logística dos negócios, para evitar problemas também nesses destinos. O exemplo vai ajudar a enfrentar a situação.
O novo cenário pode demandar também ajustes nos tipos de produtos Halal que o Brasil vende aos clientes. Como por exemplo, a possibilidade de um maior consumo de cortes de frango em vez da ave inteira, com as mudanças previstas no canal de compra. O Brasil também é um importante exportador de carne bovina Halal. Em 2019, segundo a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), o País embarcou 518,2 mil toneladas de carne bovina Halal, quase 28% do total exportado. A possível redução da demanda no segmento Halal por causa do novo coronavírus já gera iniciativas para mitigar perdas. No dia 31 de março, a certificadora IS EG Halal Latin America, que certifica produtos para o Egito, informou que vai isentar, durante este mês, os clientes da taxa de certificação de US$ 1.500,00 por contêiner. O objetivo é tentar movimentar o negócio e encorajar a importação reduzindo o custo total da carne importada por meio desse incentivo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.