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30/Mar/2020

Boi: cenário pelo lado da demanda será desafiador

O Itaú BBA prevê um cenário mais desafiador este ano do lado demanda para o mercado brasileiro de boi, reflexo da pandemia do novo coronavírus. Há boas razões, principalmente do lado da oferta, para que o mercado brasileiro de boi gordo retome o bom momento mais adiante, mas é certo, do lado da demanda, o cenário desafiador para 2020. Embora haja perspectiva de melhora da situação da demanda mais adiante, sobretudo com a retomada dos negócios para a China, a volta dos preços aos níveis vistos até fevereiro deste ano pode ser difícil. Os mercados físico e futuro do boi gordo sofreram intensa pressão nos últimos dias, reflexo dos efeitos da pandemia, que afetou o consumo no food service e levou indústrias a suspender ou reduzir abates. No dia 18 de março, iniciou-se uma recuperação, em função da maior demanda por carnes no varejo e notícias da volta da China ao mercado. No dia 26 de março, o Indicador Esalq/BM&F para o boi gordo em São Paulo ficou em R$ 201,85 por arroba, com alta diária de 1,18%.

O mercado interno, que absorve 75% da produção nacional de carne bovina, sentiu num curto prazo mudança no destino da carne, com uma parcela do que antes ia para os restaurantes indo para as residências, em decorrência da quarentena. A decisão de grandes frigoríficos de reduzir o ritmo de atividade diante da pandemia significa maior pressão sobre o boi, mas o efeito deve ser transitório. A boa oferta de pastagens nesta época do ano favorece o pecuarista, que pode esperar o preço do boi subir para vender. Mas, há situações em que pode ser necessário comercializar mais rapidamente. Nesse caso, a menos que o pecuarista tenha feito o hedge antes, a situação ficou pior. A paralisação em função da pandemia, a depender de sua duração, pode ser negativa para o consumo de carne ou levar a população a buscar proteínas mais baratas. Também a demanda dos exportadores é uma preocupação.

A situação começa a se normalizar nos portos da China, para onde o Brasil destinou 35% da carne in natura exportada em 2019. Apesar disso, a exportação brasileira teve um ritmo 7% menor até a terceira semana de março na comparação com março de 2019. Mesmo assim, a expectativa segue positiva em relação à China, pois o país tem necessidade de importar 2,9 milhões de toneladas de carne bovina, depois da peste suína africana (PSA) que dizimou parte do rebanho de suínos local. Mas, se as expectativas com a China são positivas, mesmo com uma redução no PIB este ano, as exportações de carne bovina para o resto dos países podem ser afetadas diante do quadro recessivo por causa do novo coronavírus. Diante desse quadro, a recomendação ao pecuarista é mais atenção no planejamento do primeiro giro dos confinamentos, por conta da incerteza em relação à demanda e do aumento dos custos de ração para o gado. Recomenda, ainda, a reavaliação de planos de investimentos e o uso de ferramentas de hedge para minimizar os riscos da atividade. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.