24/Mar/2020
A disputa entre indústrias para assegurar a compra de leite no campo vem sustentando as cotações ao produtor em altos patamares durante este primeiro trimestre. O preço pago ao produtor em março (referente à captação de fevereiro) deve registrar nova elevação, ainda que menos intensa que a observada nos meses anteriores. O último preço fechado é o de fevereiro (referente ao volume captado em janeiro), de R$ 1,4175 por litro na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Este valor foi 3,6% (ou quase R$ 0,05 por litro) maior que o do mês anterior. A valorização do leite ao produtor está atrelada à oferta limitada de leite no campo. A captação das empresas voltou a cair de dezembro para janeiro em todos os Estados: o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea recuou 3,7% na “Média Brasil”.
A menor disponibilidade de leite no que seria o período sazonal de safra está atrelada principalmente à instabilidade climática e às fortes variações nos regimes de chuvas. Ainda no ano passado, o atraso das chuvas da primavera nas Regiões Sudeste e Centro-oeste limitou o crescimento da produção, impedindo que os preços caíssem. Neste início de ano, a forte estiagem prolongada na Região Sul do País prejudicou a atividade agropecuária como um todo. O estresse calórico, a menor disponibilidade de pastagens e os prejuízos no plantio do milho para silagem devem antecipar a entressafra leiteira na região. Ressalta-se que fatores conjunturais, em especial os atrelados ao custo de produção, também têm influenciado a produção de leite. O aumento do preço do concentrado, puxado pela constante valorização dos grãos, tem impactado negativamente a tomada de decisão dos pecuaristas nos últimos meses.
Ao mesmo tempo, o abate de vacas leiteiras foi estimulado pelos elevados valores no mercado de gado de corte. Também é importante destacar que, frente às dificuldades de anos anteriores, os investimentos de longo prazo para a produção leiteira foram comprometidos, o que têm limitado o potencial de crescimento da atividade no presente. A grande dificuldade do setor está em conseguir, neste cenário de oferta restrita, fazer o repasse da alta da matéria-prima aos derivados. A retomada do consumo está lenta e os negócios foram considerados fracos em fevereiro e normais na primeira quinzena de março. A pressão das redes atacadistas e varejistas tem limitado a valorização dos derivados lácteos, o que tem gerado bastante oscilação de preços. De 2 a 16 de março, os preços médios do UHT e da muçarela recebidos pelas indústrias em São Paulo registraram altas acumuladas de 2,1% e de 0,9%, respectivamente. No entanto, as cotações do leite em pó caíram 2,5% da primeira para a segunda semana de março. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.