23/Mar/2020
Os preços do leite longa vida no atacado refletem a mudança de comportamento do consumidor por causa da crise do novo coronavírus. Na primeira quinzena de março, a cotação média no atacado subiu 2,3% em relação ao período anterior, para R$ 2,59 por litro. O valor considera a média das cotações nos atacados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. No varejo, que já tinha registrado aumento de 2,8% entre a segunda quinzena de fevereiro e a primeira, houve alta de mais 0,5% na média de preço da primeira quinzena de março, para R$ 3,65 por litro no mercado de São Paulo. O atacado vinha em ritmo lento, mas isso mudou em março. Entre o fim de 2019 e os dois primeiros meses do ano, geralmente um período de menor consumo, o varejo estava trabalhando com os estoques baixos. Mas, depois de fevereiro, aumentou a busca pelo UHT com a maior demanda no varejo.
Geralmente, ocorre uma recuperação no mercado de leite fluido nesta época do ano, mas desta vez o avanço, de maior intensidade, foi influenciado pela demanda mais forte do que o normal. Isso porque muitos consumidores passaram a comprar volumes maiores de leite longa vida receosos de falta de produto num eventual cenário de fechamento do comércio como consequência da epidemia do coronavírus. O mercado deve seguir firme, pois a oferta de leite cru para processamento vem recuando nos últimos três meses. Em fevereiro, último dado disponível, o produtor brasileiro recebeu R$ 1,272 por litro do leite entregue em janeiro, na média nacional. No mês anterior, havia recebido, em média, R$ 1,236 por litro. Num primeiro momento, houve uma “explosão” nas vendas do produto no mercado em São Paulo. Agora, também há uma maior demanda no varejo do interior do Estado.
O movimento pode ocorrer em outras regiões do País. O temor é de que laticínios tenham de reduzir a produção de leite longa vida, caso seja necessário dar férias coletivas para empregados a fim de evitar a disseminação do coronavírus. Isso poderia afetar a disponibilidade de leite no mercado. Ainda que a expectativa seja que a demanda por leite longa vida continue firme no varejo, os produtos lácteos, como achocolatados e leite em pó, podem ter as vendas afetadas. A razão é que o consumo desses produtos está mais associado à merenda escolar e ao food service. Em muitas partes do País, as aulas foram suspensas e também há menos movimento em restaurantes e hotéis. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.