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19/Mar/2020

Boi: mercado físico sofre pressão do coronavírus

Se a crise do novo coronavírus se prolongar pelos próximos dois meses, os preços do boi gordo deverão cair em relação aos patamares atuais, mas ainda não é possível prever a amplitude da queda. Por enquanto, diante da boa condição das pastagens, os pecuaristas de grande parte das regiões produtoras têm conseguido manter bois no campo, limitando a oferta e a pressão de baixa sobre as cotações. Na terça-feira (17/03), o Indicador Esalq/BM&F para o boi ficou em R$ 199,40 por arroba, recuo de 2,59% ante o dia anterior. No entanto, num ambiente em que frigoríficos suspendem operações de unidades ou reduzem os abates de bovinos em consequência da incerteza na demanda doméstica e na exportação, a pressão no mercado físico do boi gordo só tende a aumentar. Sobretudo porque não se sabe quanto tempo a situação vai perdurar. O pecuarista consegue segurar o boi até quando começar a secar o pasto, a partir do fim de abril.

Primeiramente, os preços devem cair em resposta à redução dos abates pela indústria. Mas, depois, podem encontrar equilíbrio e subir de novo. Não é possível prever se os preços recuarão aos níveis indicados no mercado futuro da B3, onde têm despencado desde foi decretada a pandemia do novo coronavírus. O mercado futuro é muito emocional e pode estar exagerando. Na B3, o contrato com vencimento em maio já recuou quase R$ 20,00 nos últimos sete dias, sendo negociado, nesta quarta-feira (18/03), a R$ 163,75 por arroba (queda agora de 2,82%). A crise do novo coronavírus antecipou a pressão de baixa no mercado do boi gordo, que normalmente começaria a partir de maio, com o aumento da oferta de bovinos em razão da piora sazonal das condições das pastagens. O cenário de baixa está sendo antecipado e o preço deve continuar caindo. O pecuarista tem condições de resistir à pressão baixista até meados de abril, mas depois terá de ofertar.

Isso porque pode ser “arriscado” para produtor segurar o boi com ração num momento em que a arroba está em queda e o milho utilizado na alimentação, em alta. A relação de troca é desfavorável. Além disso, em abril e maio ainda não há oferta de milho. Embora haja perspectiva de recuo das cotações, os preços podem não chegar aos níveis negociados na B3. O mercado futuro está descolado dos fundamentos. Os fundamentos indicam que a disponibilidade de bois está ajustada, com o alto custo de reposição e retenção de vacas. Em um cenário de exportação travada e dificuldades no food service (com a menor frequência em restaurantes e hotéis), as indústrias vão ajustar mais ainda a produção, elevando também a pressão sobre a arroba do boi. A previsão é de muita pressão e volatilidade no mercado nas próximas semanas. Se tudo estiver parado, em dois meses os preços do boi poderiam chegar aos valores indicados na B3 para os contratos de maio. Porém, a expectativa é de que a situação do mercado se normalize no fim de abril. Ainda é difícil falar sobre preços.

A redução dos abates pelos frigoríficos pode equilibrar a oferta de carne, que terá de ser reposta. Além disso, a volta da China às compras, mesmo que em ritmo lento, é um fator positivo para o setor. De qualquer forma, o boi é um ativo de segurança, não de descarte. Assim, quando vier o período de seca, o pecuarista poderá recorrer à ração de manutenção para o bovino no campo. Na semana passada, a JBS ofertava R$ 190,00 por arroba na região de Juara (MT). Hoje, a indicação é de R$ 165,00 por arroba. O pecuarista deve vender à medida que precisar, pois não considera este patamar atrativo. Ao suspender abates, a indústria tenta "ganhar fôlego", uma vez que reduz a demanda por bovinos. A suspensão de abates em algumas unidades por empresas como JBS e Minerva é uma estratégia para enfrentar problema de fundamento (oferta ajustada), reduzindo o efeito do coronavírus na margem operacional, acelerando o processo de baixa do boi gordo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.