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19/Mar/2020

Boi: confinador enfrenta o alto custo de produção

Em São Paulo, os preços do boi magro e do milho registram atualmente os maiores patamares nominais das séries do Cepea. Esses dois itens são justamente os que mais pesam sobre o custo de produção do confinador, sistema que abateu cerca de cinco milhões de cabeças em 2019. Em São Paulo, o boi magro tem sido negociado entre R$ 2.800,00 e R$ 2.950,00 por cabeça. A média de fevereiro do bovino de reposição superou em 37,5% a do mesmo mês de 2019. Esses preços maiores estão atrelados à oferta restrita de bezerros ao longo do último semestre e às valorizações do boi gordo, que estimulam pecuaristas a terminar seus bovinos no sistema de confinamento. Nesse sentido, os pecuaristas que realizam confinamento precisam estar atentos à sazonalidade de preços do boi magro.

Tradicionalmente, os valores desse bovino registram menores patamares de setembro a fevereiro de cada ano, período em que esses bois magros já foram confinados. O estudo mostra também que os preços começam a subir já em março, ganhando força em abril e maio. E, de fato, o valor médio do bovino nesta parcial de março supera em 16,85% o de fevereiro em São Paulo. Dentre as regiões do Estado, a de Presidente Prudente registra a maior alta na cotação entre fevereiro e março deste ano, de 24,5%, com o bovino cotado em até R$ 2.900,00 por cabeça. Um outro fator importante que influencia na decisão de confinar é o preço da alimentação e, especialmente, do milho.

Por enquanto, o cereal tem sido negociado na casa dos R$ 58,00 por saca de 60 Kg na região de Campinas (SP), bem acima do patamar verificado no mesmo período de 2019, de R$ 41,00 por saca de 60 Kg, em termos reais. Os agentes têm expectativa de que a entrada da 2ª safra de 2020, entre junho e julho, possa pressionar as cotações do cereal. A B3 indica valores na casa dos R$ 40,00 por saca de 60 Kg para o segundo semestre. De fato, estudos de sazonalidades de preços do milho no estado de São Paulo mostram que os menores valores são verificados entre junho e agosto, principalmente devido à 2ª safra. Ainda assim, os confinadores devem se atentar a possíveis intensificações das exportações, especialmente diante do dólar elevado, que podem limitar a disponibilidade doméstica e elevar os preços.

Ressalta-se, no entanto, que a pandemia de coronavírus dificulta as projeções para 2020, já que muitos ainda não sabem em que medida esse contexto tende a prejudicar os comércios doméstico e internacional, seja da carne bovina, seja do milho. Nesse sentido, o ano se mostra bastante desafiador a agentes de mercado como um todo e também ao confinador. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros de carne bovina in natura até a segunda semana de março (10 dias úteis) somam 59,63 mil toneladas. A média diária das exportações está em 5,96 mil toneladas, abaixo do de fevereiro (de 6,14 mil toneladas) e também inferior à de março do ano passado, de 6,23 mil toneladas. Ainda assim, os embarques podem se manter acima de 100 mil toneladas caso esse ritmo se mantenha firme até o final de março. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.