19/Mar/2020
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a retração na demanda mundial decorrente da pandemia de coronavírus está compensando a pressão da valorização do dólar, mantendo certo equilíbrio nos preços captados pela inflação no atacado. A carne bovina, porém, voltou a ser a vilã. O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) subiu 0,64% em março, após ter aumentado 0,01% em fevereiro. O resultado foi puxado por uma elevação de 0,92% nos preços no atacado, medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), ante uma redução de 0,19% em fevereiro. Há um efeito de câmbio muito discreto no preço de algumas commodities. Se por um lado a tem o câmbio, por outro lado há uma demanda mundial menor. O mundo todo está tomando suas precauções contra o coronavírus e isso provoca uma redução na atividade.
Essa redução da atividade é um deslocamento menor das pessoas e um consumo menor. Então, se tem um câmbio pressionando o IPA, por outro lado tem uma oferta maior de produtos. Um efeito meio que compensa o outro. A aceleração na inflação do atacado na passagem de fevereiro para março não foi efeito de aumentos generalizados nem há indicação forte de pass-through cambial. O IPA sofreu um repique por causa de bovinos. A carne bovina subiu, tanto a carcaça quanto o boi gordo. Os pecuaristas buscam manter o gado no pasto na expectativa de preços mais altos. Como a China não está comprando muito, poderia haver uma superoferta de carne no mercado brasileiro e uma queda no preço.
As condições meteorológicas favoráveis ao pasto também incentivam a manutenção do boi gordo, sem necessidade de abate antecipado. Além disso, houve avanço no preço de bezerros, necessários à recomposição dos rebanhos após um período de abate elevado de matrizes. Tudo isso impacta na cadeia produtiva. E, por consequência, a carne bovina também está subindo de preço. Quando se soma o peso de bovinos com o de carne bovina dentro do IPA, justifica essa aceleração do indicador. Apesar da aceleração da inflação no atacado em março, dificilmente os aumentos pressionem o Índice de Preços ao Consumidor, justamente por serem reajustes localizados em apenas alguns tipos de produtos. A inflação está caindo a níveis muito baixos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.