17/Mar/2020
A forte queda dos contratos futuros de boi gordo na B3 desde a última quinta-feira (12/03) travou as negociações no mercado a termo. Nessa modalidade de negociação, a indústria de carne compra uma determinada quantidade de bois usando como referência o preço futuro na B3 na data de entrega acertada com o pecuarista. Simultaneamente, a indústria vende o mesmo volume no mercado futuro, para se proteger das variações de preços. O recuo na B3 começou no dia 12 de março, um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado que o mundo vive uma pandemia do novo coronavírus e que os casos da doença passaram a crescer de forma exponencial no Brasil. Nesse ambiente, a incerteza tomou conta do mercado do boi gordo. Desde então, os contratos futuros com vencimento em maio caíram 10,7% e os que vencem em outubro, 11%.
Muitos pecuaristas não têm fechado contratos a termo com frigoríficos desde que os futuros na B3 começaram a despencar. As turbulências diante das dúvidas sobre o efeito do novo coronavírus no consumo e nas exportações de carne travaram as negociações, pois o mercado está sem parâmetro. Naturalmente, o mercado a termo paralisou e não deve sair negócio em breve. O mercado futuro de boi está sendo contaminado pelo comportamento da bolsa, onde as ações têm sofrido fortes perdas por causa do novo coronavírus. O cenário é de volatilidade no curto prazo. Há muitas incertezas. No curto prazo, vai atrapalhar o trade, tanto doméstico como exportação, mas, no médio prazo, o mercado deve voltar a olhar os fundamentos normais. Tradicionalmente, o consumo de alimentos costuma sofrer menos em momentos de crise. Nem pecuaristas nem frigoríficos mostram interesse em fechar contratos a termo neste momento.
As indústrias iniciaram o ano com apetite grande para compra, mas agora estão esperando uma definição sobre a demanda para definir estratégias. Do lado do pecuarista, os preços futuros na bolsa, usados nos contratos a termo, não são atrativos. Numa simulação de um contrato a termo para entrega do boi em maio, o produtor receberia R$ 160,43 por arroba. A conta considera um valor de R$ 176,30 por arroba à vista para o contrato de maio, livre de Funrural. Para chegar ao valor final, é acrescentado o Funrural, de 1,5%, e desconta 9% referente ao diferencial de base (a diferença entre o preço em São Paulo e outras regiões) e novamente retira o Funrural. Enquanto as turbulências persistirem e o mercado estiver sem referência, os negócios a termo devem ficar paralisados. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.