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16/Mar/2020

Boi: preços tomam viés baixista com o coronavírus

Com a declaração de pandemia de coronavírus pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e o avanço de casos da doença crescendo de forma exponencial no Brasil, a incerteza se abateu sobre o mercado do boi gordo. No físico, os preços se mantêm estáveis na maior parte das regiões de comercialização, uma vez que a oferta ainda é limitada, mas os contratos futuros registraram forte queda, com os temores dos efeitos da doença sobre o consumo doméstico e também sobre as exportações de carne bovina. O aumento dos casos da doença no Brasil deve levar a um recuo no consumo de carne bovina, pois as pessoas tendem a comer menos fora de casa, evitando aglomerações e espaços com muita gente. Também há dúvidas sobre os efeitos na exportação, sobretudo no primeiro semestre do ano. incerteza é grande e o mercado nunca passou por algo nessa dimensão. No final da semana passada, o varejo reduziu suas compras no atacado de carne bovina, pois há temor de não haver demanda.

O atacado já estava lento porque o varejo elevou o preço da carne na semana passada. Os varejistas começaram a fazer promoções. Isso acontece justamente em um período do mês em que as vendas do atacado de carne bovina normalmente perdem força. No mercado futuro, os contratos de boi gordo com vencimento em maio e outubro registraram queda no dia 12 de março. O temor de recuo no consumo ainda não se refletiu no mercado físico porque as ofertas de bovinos seguem limitadas nas regiões em que o pecuarista consegue segurar os bois no pasto. O preço da arroba do boi gordo está variando mais em função das chuvas e da oferta de bovinos para abate. Porém, com a entrada da segunda quinzena do mês, normalmente um período de menor demanda, as indústrias devem fazer novas tentativas de reduzir os preços do boi gordo. Em São Paulo, o boi gordo se mantém estável a R$ 202,00 por arroba a prazo. No Rio Grande do Sul, mesmo com as escalas curtas, o preço registra queda, para R$ 6,45 por Kg, o que já mostra consumo baixo.

Em algumas regiões do País, como Goiás, o volume de chuvas começa a diminuir, o que leva os pecuaristas a ofertarem mais bovinos, reduzindo os preços. Em outras regiões, como em Mato Grosso do Sul, os frigoríficos estão fora das compras e as cotações apresentam recuos. O temor com o coronavírus também fez o dólar disparar, o que, pode favorecer as exportações de carne bovina. No longo prazo é positivo. Embora o clima seja de incerteza sobre as vendas externas agora, no segundo semestre as exportações devem se normalizar, sobretudo porque a China, onde a pandemia do novo coronavírus se iniciou, já está voltando ao mercado para fechar novos contratos de importação. A percepção é de que o momento mais crítico em relação à China já passou, e o país asiático começa a importar mais carne bovina. Os volumes acertados nesses novos contratos devem começar a ser embarcados em maio.