12/Mar/2020

Os preços dos bovinos para reposição (nelore, de 8 a 12 meses) estão em movimento de alta desde setembro de 2018 em muitas regiões. Em São Paulo, especificamente, o bezerro tem sido negociado acima de R$ 1.900,00 por cabeça desde o início deste mês, sendo este o maior patamar real da série histórica do Cepea, iniciada em 1994 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI). A média da parcial de março, de R$ 1.906,61 por cabeça no estado de São Paulo, também é a maior da série, superando o recorde real anterior, de R$ 1.849,55 por cabeça, verificado em maio de 2015. Em Mato Grosso do Sul, a reposição tem sido negociada na média de R$ 1.754,23 por cabeça neste mês, sendo o maior, em termos reais, desde junho de 2015. O recorde real no Estado, de R$ 1.875,06 por cabeça, foi verificado em maio de 2015. O impulso vem da baixa oferta e também da demanda mais aquecida.

Ressalta-se que, sazonalmente, os meses de março a maio apresentam os maiores patamares de preços para a categoria, uma vez que os terminadores demandam mais reposição para repor os bovinos gordos que saem de suas fazendas neste período do ano. Neste primeiro trimestre, porém, há uma redução no volume da oferta de bovinos desmamados, uma vez que o rebanho brasileiro passou por um momento de redução no estoque de fêmeas nos últimos anos. A oferta mais restrita no campo contrasta com demanda aquecida no início de 2020, devido ao otimismo dos recriadores com o cenário de preços firmes para o boi gordo. Vale lembrar que o boi gordo chegou a ser negociado a R$ 230,00 por arroba no encerramento de novembro/2019. Atualmente, a cotação está na casa dos R$ 200,00 por arroba. Assim, as cotações do bezerro, que seguem tendência de valorização desde o último trimestre de 2018, são uma resposta ao período anterior de preços em baixa, que, por sua vez, foi iniciado na metade de 2015.

A redução constante nas margens dos criadores durante esse último período de baixa forçou esses pecuaristas a reduzirem seus estoques de fêmeas para gerar caixa a seus negócios. A variação cíclica dos preços do bezerro já tem, inclusive, incentivado um aumento nos investimentos no campo. Segundo os dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) e do Cepea, em 2019, foram comercializadas 11,8 milhões de doses destinadas ao mercado de gado de corte, aumento de 23% em relação a 2018. O total de fêmeas inseminadas subiu de 13% para 16% no ano passado. Esses aumentos dos investimentos na etapa da cria tendem a elevar a produtividade dos sistemas, trazendo mais valor e eficiência para os criadores e também para toda a cadeia. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.