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09/Mar/2020

Boi: confinamentos podem ser afetados pelo milho

Segundo a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), o custo maior do confinamento deve fazer com que o volume de gado a ser engordado no cocho diminua neste ano. Os preços mais altos da alimentação e a falta de perspectiva de uma grande valorização do boi gordo são fatores de desestímulo. Em fevereiro, o custo da diária do bovino confinado em São Paulo já era 10% mais alto do que em igual mês de 2019, refletindo principalmente os preços do milho usado na ração. A expectativa ainda é de insumos caros para o primeiro semestre e de preço do boi gordo estável se a China e demais países não vierem comprando carne com força, no mesmo ritmo do fim de 2019.

A entidade ainda não tem uma estimativa da queda no volume de bovinos confinados no primeiro semestre. No Brasil, são duas as etapas de confinamento, uma em maio e outra em outubro. No ano passado, considerados os dois "giros", 3,4 milhões de cabeças de gado foram confinados, aumento de 5% sobre 2018, de acordo com mapeamento de 1.400 unidades produtivas no Brasil. Desse total, 15% foram no primeiro semestre e 85% no segundo semestre do ano. A disparada do dólar sobre o Real nos últimos dias reforça a expectativa de manutenção de custos de produção elevados para os confinadores. No dia 4 de março, o Indicador Esalq/BM&F para o milho bateu recorde nominal em decorrência do câmbio, o que afastou os vendedores do mercado, e dos estoques baixos do cereal no País.

Em comparação com março de 2019, o Indicador subiu quase 30%. Além da alta do milho, os confinadores enfrentam aumento dos custos do bovino que está sendo colocado para engorda. Isso ocorre principalmente no caso dos confinadores que estão adquirindo boi magro para engorda neste semestre, cujos preços subiram 30,5%, de R$ 2.057,50 por bovino de 360 Kg em fevereiro de 2019 para R$ 2.685,00 por bovino de 360 Kg em fevereiro deste ano. Mesmo aqueles que compraram bezerro em 2018 para recria no ano passado viram seus custos aumentar, já que o bezerro tem se valorizado desde o fim de 2018.

Nesse ambiente, a margem dos confinadores se estreitou em relação ao ano passado. Embora os fatores que definirão o segundo semestre ainda não estejam claros, caso o cenário atual persista, também haverá desestímulo para o confinamento no segundo semestre. Mas, se o boi gordo se valorizar, pode aumentar a produção. O pecuarista se arriscaria se os preços subissem entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por arroba. No dia 5 de março, o Indicador Cepea/Esalq fechou a R$ 201,20 por arroba, queda de 0,40% em relação ao dia 4 de março. De qualquer modo, ainda é cedo para estimar o tamanho do confinamento este ano.

Se o confinador comprou o bovino para engorda a preços atrativos, terá mais condições de enfrentar a alta do milho. Não está descartada uma disputa pelo cereal no mercado, diante do Real desvalorizado que estimula as exportações do produto. Mesmo que o dólar piore o custo do confinador, pode melhorar as exportações de carne bovina. Assim, se as vendas externas da proteína voltarem a deslanchar, o boi gordo também tenderia a se valorizar. Por isso, a retomada dos volumes de carne bovina embarcados para a China é considerada importante pelos pecuaristas, uma vez que a demanda doméstica pelo produto segue pouco aquecida neste ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.