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13/Fev/2020

Boi: preço da carne bovina volta a subir no atacado

Os preços da carne bovina voltaram a subir no mercado atacadista, impulsionados pela restrição na oferta de gado e pela recuperação no consumo doméstico. Nos últimos sete dias, o valor da proteína registra avanço de 10,5% no atacado. No entanto, este avanço nas cotações deve ter efeito limitado sobre a inflação de fevereiro, diferentemente do ocorrido em dezembro, quando os preços da carne dispararam. Agora, as principais mudanças no cenário em relação ao fim de 2019 estão na demanda: a busca por carne para o Carnaval é mais amena do que a de fim de ano e, no mercado externo, entraves logísticos na China dificultam uma retomada mais significativa nas importações do país. Mas, um novo "choque" de preços pode vir no médio prazo, talvez já a partir de março/abril, à medida que a China conseguir avançar significativamente nas compras de carne bovina do Brasil. Atualmente, o país asiático enfrenta problemas no transporte logístico por causa do surto de coronavírus, daí a desaceleração nos embarques.

Grande parte das cargas que já foram enviadas para China chegou ao porto e não pôde ser deslocada pelos distribuidores até as regiões de destino por causa de uma limitação de deslocamento imposta pelo governo do país, como medida de contenção do coronavírus. Entretanto, os surtos de peste suína africana (PSA), que reduziram à metade o plantel de suínos no gigante asiático, e, mais recentemente, de gripe aviária, obrigarão a China a retomar em breve as aquisições, o que pode reforçar novamente o cenário altista para a carne bovina no Brasil. Segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em fevereiro, a carne bovina pode perder protagonismo para outros itens no cálculo da inflação medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). E as cotações não devem voltar ao patamar de 2019. A atual elevação da carne bovina pode gerar um impacto positivo para o IPCA, mas deve assumir um peso menor do que outros itens que compõem o indicador. A carne só teria um efeito expressivo para a inflação deste mês se houvesse uma variação brusca nos preços, o que não tende a acontecer.

Apesar do avanço de dois dígitos da proteína no atacado na última semana, no varejo houve apenas uma leve elevação de 0,5% em igual período. Um obstáculo ao forte aumento do preço da carne no varejo é o baixo poder aquisitivo da população. O desemprego ainda é grande e muitas pessoas estão na informalidade. Assim, para ocorrer uma alta vigorosa nos preços, é necessário um forte crescimento econômico, algo que ainda não veio de maneira estrutural. Em janeiro, os preços das carnes no varejo caíram 4,03%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas, eles ainda se encontram em um patamar alto por causa da forte alta em dezembro. Um fator que deve influenciar no curto prazo as cotações no mercado doméstico é o retorno da demanda chinesa de maneira mais intensa pela proteína. A demanda da China de fato existe e no momento está represada por causa do coronavírus. Entretanto, mais à frente, quando a China solucionar seus problemas de logística, a demanda pode vir forte.

Por isso, em fevereiro, a inflação ainda deve seguir comportada no que se refere à influência dos preços da carne. Mas, a partir de março e principalmente em abril, a demanda externa maior pode provocar uma alta nas cotações da proteína. A distribuição regular das chuvas neste início de ano favorece a estratégia do produtor de segurar os bovinos no pasto, com engorda a custo baixo. Sob essas condições, os pecuaristas só venderão lotes maiores de gado no início do segundo trimestre, quando as chuvas costumam cessar e não há mais como reter o gado no pasto. Até lá, o cenário é de ajuste. Dentro das posses do consumidor final, ele vai pagar mais caro pela carne e isso pode se estender para médio e longo prazos, a depender da influência do mercado externo. Executivos das grandes exportadoras brasileiras de carnes, como JBS, BRF e Marfrig, já afirmaram publicamente que a expectativa das companhias é de que o coronavírus provoque mais um incremento nas compras externas de carnes pela China, pois a população local tende a preferir o produto importado, que é congelado, na tentativa de evitar a contaminação pela carne produzida na China.

Além disso, a importação também viria para complementar a oferta local, após os prejuízos deixados pela peste suína africana (PSA) e pela gripe aviária. A China, responsável pelo forte aumento nas exportações de carne bovina no fim do ano passado, ainda é o principal destino da proteína do País. Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indica que o volume total exportado no primeiro mês do ano, incluindo carne in natura e processada, foi de 135.375 toneladas, crescimento 9,84% em relação a janeiro de 2019. O faturamento cresceu 37,9%, somando US$ 633,25 milhões. Somente a China importou 53,2 mil toneladas, crescimento de 126% em relação a igual período do ano passado. Em receita, o avanço foi de 200% com US$ 322,8 milhões. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.