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20/Jan/2020

Leite: cenário indica uma oferta limitada em 2020

A alta dos custos de produção e o recente maior abate de matrizes devem limitar a oferta de leite no mercado brasileiro em 2020, em particular no primeiro trimestre. No caso dos custos de produção, os preços do milho e do farelo de soja, componentes da ração, têm subido no mercado brasileiro. O aumento dos valores do milho está atrelado ao forte ritmo das exportações do cereal. No caso do abate de matrizes, a atratividade da pecuária de corte no encerramento de 2019 (em novembro, os preços da arroba do boi atingiram recordes reais da série histórica do Cepea) levou muitos produtores a mandarem precocemente fêmeas para o abate. Também deve-se levar em conta que, dada a alta nos preços dos bezerros, é possível que produtores de leite invistam na criação destes bovinos e passem a destinar maior parte da produção de leite para a sua alimentação.

Após registrar alta de 1,45% em dezembro de 2019, o custo de produção do leite, representado pelos desembolsos do produtor, terminou 2019 com elevação de 2,65% na “média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). Os principais componentes que contribuíram para a alta nos custos foram mão de obra, com aumento de 4,44%; adubos e corretivos (2,66%); concentrado (1,46%) e suplementação mineral (1,45%). No primeiro semestre, o produtor se viu em um cenário de recuperação de margens, com altas consecutivas no valor recebido pelo leite e estabilidade no preço do milho. O segundo semestre foi marcado pela retração no fluxo de caixa das propriedades, uma vez que a receita foi prejudicada pela queda no preço do leite, e os custos aumentaram com a disparada nas cotações do cereal. A valorização do dólar em relação ao Real em 2019 também foi destaque. Por um lado, teve papel principal, influenciando diretamente na elevação dos preços de fertilizantes e suplementos minerais.

Em contrapartida, foi coadjuvante, elevando a competitividade do milho brasileiro no cenário externo. Com isso, houve aumentos expressivos nas exportações, favorecendo o aumento das cotações do cereal no mercado interno. Para 2020, as atenções continuam voltadas para o mercado de milho. Com o volume de estoques reduzido no início do ano, a expectativa de aumento do consumo interno e o dólar valorizado ante o Real, há perspectiva de sustentação nos preços do cereal, o que pode encarecer o principal custo da atividade leiteira, a nutrição animal. No balanço de 2019, as exportações de lácteos somaram 24,5 mil toneladas, 6,2% acima do registrado no ano anterior. Parte do aumento esteve atrelado às maiores vendas de leite fluido e creme de leite no período. O volume importado totalizou 142,4 mil toneladas, recuo de 6,9% frente ao mesmo período de 2018. A baixa de 10,4% nas aquisições de leite em pó no ano foi o principal fator para o recuo no volume total. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.