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16/Jan/2020

Leite: oferta limita deve sustentar preços em 2020

A oferta de leite no mercado brasileiro deve seguir limitada em 2020, especialmente no primeiro trimestre, o que pode sustentar os preços pagos ao produtor em patamares mais elevados. Essa perspectiva está fundamentada na possível alta dos custos de produção e no recente maior abate de matrizes. No caso dos custos de produção, os preços do milho e do farelo de soja, componentes da ração, têm subido no mercado brasileiro. O aumento dos valores do milho está atrelado ao forte ritmo das exportações do cereal. Há também que se considerar que, num cenário de incentivo à produção de combustíveis renováveis, o milho tem sido cada vez mais utilizado para a produção de etanol, o que pode reforçar o movimento de valorização desse cereal.

Quanto ao farelo, a demanda do setor pecuário pelo derivado de soja pode se aquecer neste ano, resultando em altas nos preços. Além disso, o dólar em patamar elevado aumenta o interesse pela comercialização desses insumos no mercado externo. Esse cenário pode prejudicar a relação de troca do pecuarista, principalmente no primeiro semestre. No caso do abate de matrizes, a atratividade da pecuária de corte no encerramento de 2019, em novembro, os preços da arroba do boi atingiram recordes reais da série histórica do Cepea e levou muitos produtores a mandarem precocemente fêmeas para o abate. Também deve-se levar em conta que, dada a alta nos preços dos bezerros, é possível que os produtores de leite invistam na criação destes bovinos e passem a destinar maior parte da produção de leite para a sua alimentação.

Embora seja delicado projetar o potencial de oferta de uma atividade que se ajusta diariamente, como no caso do leite, 2020 pode continuar a ser um ano difícil para a recuperação da produção. É importante lembrar também que, com a valorização do dólar, as importações de leite em pó são desestimuladas, o que pode diminuir a disponibilidade de leite às indústrias. Neste início de ano, a concorrência entre empresas para garantir a compra de matéria-prima e abastecer seus estoques têm se elevado, resultando em altas de preços. A dificuldade em se elevar a produção tem se mostrado como um gargalo estrutural para o setor. A principal limitação ao pecuarista é realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo, o que inclui a volatilidade das cotações.

Estas, por sua vez, dependem de um delicado equilíbrio entre a oferta no campo e o consumo de derivados lácteos. Em 2019, por exemplo, a previsibilidade do mercado foi afetada por duas forças antagônicas: oferta enxuta e retração da demanda, as quais levaram a uma curva de preços atípica no ano passado. Ainda que as expectativas para a produção em 2020 sejam cautelosas, é importante ressaltar que a perspectiva de crescimento do PIB acima de 2% é um fator positivo para diminuir as incertezas. Como o consumo de lácteos está diretamente ligado ao aumento da renda, o crescimento econômico pode elevar as margens da indústria (espremidas em 2019) e permitir que os preços ao produtor se mantenham em patamares elevados, mas mais alinhados ao padrão sazonal. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.