06/Jan/2020

Os preços do suíno vivo e da carne suína devem seguir sustentados em 2020, com projeção de novo aumento das exportações brasileiras e impacto continuado da Peste Suína Africana (PSA) no mercado global. Após atravessar 2018 amargando prejuízos, o setor suinícola nacional registrou um ano de recuperação. Do animal vivo aos cortes, os preços subiram com força no mercado interno em 2019, atingindo recordes nominais. Em todas as regiões, as altas anuais superaram os 30%. O impulso veio da maior demanda externa em praticamente todo o ano, especialmente por conta dos casos de Peste Suína Africana (PSA) na Ásia, que reduziram a oferta mundial da proteína. Nos últimos meses de 2019, o aquecimento da procura brasileira reforçou o avanço nos preços domésticos.

Neste caso, a maior demanda foi estimulada pela típica elevação nas compras por parte de atacadistas, que formam estoques nos últimos meses do ano, e pelo preço recorde da principal carne concorrente, a carcaça casada bovina, que levou consumidores a migrarem para outras fontes de proteína com valores mais competitivos, como a carne suína. Assim, na maior parte do ano, a oferta de suíno vivo em peso ideal para abate esteve inferior à elevada procura por parte de grandes agroindústrias. Diante desse cenário, os valores nominais de todas as regiões atingiram recordes. Em São Paulo (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), em 2019, o animal vivo teve média de R$ 4,75, alta de 35,6% frente à de 2018. No mercado da carne suína, o ano também foi marcado pela demanda aquecida e as cotações acompanharam a movimentação do animal vivo.

A carcaça especial, negociada no atacado de São Paulo, registra média de R$ 7,17/kg em 2019, alta de 29,2% na comparação com a de 2018, e a maior já registrada, em termos nominais. Dentre os cortes, os que registraram as maiores valorizações de 2018 para 2019 foram a paleta desossada (31,6%), pernil com osso (29,9%) e lombo (22,4%). Com a maior liquidez e os preços mais elevados no mercado da proteína, suinocultores não seguraram animais nas granjas, o que acabou influenciando na redução de 0,6% no peso médio das carcaças nos nove primeiros meses deste ano frente ao mesmo período do ano passado, fechando o período a 89 quilos na média nacional, segundo dados do IBGE. Apesar de os preços do milho e do farelo de soja terem subido com certa força no mercado brasileiro nos últimos meses, especialmente os do cereal, no correr de 2019, o poder de compra de suinocultores de São Paulo e do Oeste de Santa Catarina frente a esses insumos aumentou, uma vez que a valorização para os animais foi mais intensa.

Dessa forma, no balanço de 2019, foi possível ao produtor paulista a compra de 7,63 quilos de milho ou de 3,86 quilos de farelo de soja com a venda de um quilo do animal vivo, quantidades 31% e 39,6% maiores do que as registradas no ano anterior. Para o produtor do Oeste Catarinense, na mesma comparação, os volumes são 32,8% e 38,5% maiores, respectivamente. As exportações de carne suína cresceram 4% em 2019 em relação ao ano anterior. Esse desempenho está atrelado, principalmente, ao incremento das compras por parte dos principais parceiros comerciais do Brasil neste mercado: China, Chile, Uruguai e Rússia. Em relação ao faturamento do setor exportador em 2019, a alta foi de 16% para a receita em dólar e de 25% em Reais. De modo geral, o avanço nos ganhos se deve à valorização da carne in natura exportada pelo Brasil, que esteve, em média, a US$ 2.214,18/tonelada em 2019, 13% acima da registrada em 2018. Considerando-se especificamente o faturamento em Reais, o avanço do dólar favoreceu o resultado. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.