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06/Jan/2020

China deve continuar sustentando o setor em 2020

A demanda da China deve continuar sustentando os resultados dos setores de aves e suínos do Brasil em 2020. No ano que passou, o país asiático foi o maior comprador das duas proteínas brasileiras, estimulando a produção local. O tamanho dessa demanda, porém, é sempre uma incógnita. É fato que os chineses estão com estoques baixos de proteína e vão continuar demandando no médio prazo, mas, como os ciclos de aves e suínos são mais curtos, eles podem apostar na recomposição do rebanho local e, aos poucos, diminuir a procura pela carne do Brasil. Nesse sentido, existe sim o risco de o produtor brasileiro investir muito em aumento da capacidade produtiva e depois ficar com proteína excedente. A cadeia de frango é a que precisa ter mais cautela. Tem o ciclo produtivo mais curto ante as demais proteínas e responde mais rapidamente a investimentos que elevem a produção. Para a China, é mais fácil fazer investimento interno em aves do que em bovinos, por exemplo. Isso explica por que as plantas de bovinos são habilitadas mais rapidamente do que as de outras proteínas.

A exemplo dos russos, que entram e saem do mercado sem grandes explicações, os chineses não asseguram previsibilidade. Os produtores nacionais precisam focar no aumento da produtividade e não necessariamente do plantel. A Rússia, um dos maiores importadores de carne suína brasileira, parou de comprar do País entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018 e, quando retomou a importação, autorizou embarques apenas do produto do Rio Grande do Sul. Muitos suinocultores quebraram. A Rússia ampliou bastante a produção interna e é difícil que volte a importar nos níveis anteriores. Em 2019, 40% das exportações brasileiras de carne suína foram para a China e 60% das vendas do Brasil neste segmento saem de Santa Catarina. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que, neste ano, a produção de suínos deve aumentar 2,5%, para 4,1 milhões de toneladas, enquanto as exportações devem fechar em alta de 14,5%, para 740 mil toneladas.

No mercado de frango, a ABPA espera avanço de 2,3% no comparativo anual, para 13,15 milhões de toneladas. As exportações da ave devem crescer 2,4%, para 4,2 milhões de toneladas. Somente a China elevou em 28% as importações de frango em 2019. Na área de suínos, a importação chinesa avançou 51% em 2019, para 218 mil toneladas. O problema sanitário na China fez com que os preços do suíno saltassem 82% naquele país. A ABPA estima que em 2020 a produção nacional de frango deve crescer entre 4% e 5%, para 13,6 milhões de toneladas a 13,7 milhões de toneladas. As exportações da ave podem aumentar de 3% a 6%, e ficar entre 4,3 milhões de toneladas e 4,5 milhões de toneladas. O Brasil tem condições de aumentar as exportações em 2020 porque tem alojamentos realizados, ao contrário do que aconteceu no ano passado, quando os alojamentos eram inferiores. A elevação nas vendas externas deve ser puxada, principalmente, por compras chinesas e o retorno das cotas mexicanas. A China deve continuar a habilitar plantas. Há expectativa de que as já habilitadas vendam mais coxa e peito de frango.

No mercado de suínos, a expectativa da ABPA é de que a produção cresça entre 3% e 4% no ano que vem, para 4,2 milhões de toneladas. A exportação, no entanto, tem potencial para saltar de 15% a 20%, para um intervalo entre 850 mil toneladas e 900 mil toneladas. Vai depender muito do ritmo de importações da China. Atento às questões de risco que a China também representa, a ABPA destaca que a entidade trabalha para fortalecer as relações para embarque de carnes na Índia e em outros mercados. Os preços de aves e suínos tendem a aumentar neste ano como consequência da elevação nos valores da proteína bovina e, também, pelo incremento no consumo de uma parcela da população. Embora o nível de desemprego esteja caindo, historicamente ainda é considerado elevado, assim como o endividamento da população, o que dificulta a absorção de reajustes muito expressivos nos preços internos das carnes. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.