ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Dez/2019

Suíno: acordo EUA-China pode favorecer o Brasil

A consolidação da primeira etapa do acordo comercial entre Estados Unidos e China melhora os preços dos grãos norte-americanos e deve reduzir o prêmio pago pelas commodities agrícolas brasileiras, concorrentes diretas na exportação ao país asiático. Essa situação tende a favorecer a indústria nacional de carnes, pois acomodaria os custos de produção, sobretudo de aves e suínos, e com isso as margens ficariam menos pressionadas. Porém, o efeito real da negociação entre Estados Unidos e China vai depender da quantidade de produtos agrícolas norte-americanos que será, de fato, adquirida pelo país asiático. Autoridades da China informaram, no dia 13 de dezembro, que chegaram a um consenso com os Estados Unidos sobre a "Fase 1" no acordo comercial bilateral.

As autoridades chinesas qualificaram o anúncio como um grande avanço no diálogo e, segundo elas, os Estados Unidos devem retirar tarifas sobre produtos chineses em fases, mediante promessas de que a China importaria produtos norte-americanos, principalmente agrícolas. Para o mercado de carnes, este cenário é positivo, considerando que milho e farelo de soja são a base da alimentação animal. Ainda existe espaço para mudanças no contexto, por conta do desdobramento do acordo comercial, mas, a princípio, haverá uma leve acomodação nos custos de produção do ano que vem. A cadeia que tende a se beneficiar mais é a de suínos. A margem da indústria de carnes estará mais favorável ao produtor, especialmente no suíno, no qual o milho representa em torno de 70% das despesas de produção. A suinocultura vem de pelo menos quatro anos de margens apertadas, pois esta foi a proteína animal que mais sofreu com a perda no poder de compra do consumidor.

A carne suína não está entre os maiores hábitos de consumo do brasileiro. Quando veio a crise econômica e desemprego, houve grande dificuldade com o escoamento e, em paralelo, milho a preços muito altos que encareceram os custos. Agora, o surto de peste suína africana (PSA) na Ásia ajudou a impulsionar as exportações brasileiras da proteína e, na sequência, há essa perspectiva de redução nos valores dos insumos da ração, fatores que dão um alívio para o mercado de aves e suínos em geral. Na ponta da demanda, há espaço para repasses de custos ao consumidor final, assim como há possibilidade de incremento no consumo de aves e suínos até janeiro. Essas questões também contribuem para as margens dos frigoríficos. A movimentação nos preços da arroba do boi gordo é imediatamente repassada ao atacado, mas no varejo o processo é mais lento, então, os recuos na cotação do boi gordo não devem chegar rapidamente ao consumidor final de aves e suínos, apesar da correlação entre a carne bovina e estas duas proteínas.

No mercado financeiro, a perspectiva de redução nos custos é uma notícia positiva para as empresas de carnes, mas isso precisa se confirmar. Existe o impacto positivo para os ativos do setor, mas também é preciso lembrar que a redução no rebanho de suínos da China, por causa da PSA, diminui a demanda chinesa por grãos. Isso limita a queda de preço das commodities agrícolas após o acordo comercial. Vale destacar que, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a China se comprometeria a adquirir US$ 50 bilhões em produtos agrícolas norte-americanos, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) afirmou que o país asiático concordou em comprar US$ 16 bilhões em produtos agrícolas dos Estados Unidos mais do que a base em 2017 (US$ 24 bilhões), ou seja, US$ 40 bilhões no primeiro ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.