12/Dez/2019
As recentes fortes valorizações em toda a cadeia de pecuária de corte resultaram em uma “corrida” para o planejamento para os próximos anos. Diante disso, produtores estão atentos à atual relação de troca para realizar a reposição dos animais. A discussão do setor, principalmente para o pecuarista terminador, é de que está “faltando reposição” ou de que o animal está muito valorizado. De fato, já era esperada uma alta nos preços da desmama, puxada tanto pela valorização da arroba do boi quanto pela oferta restrita de animais mais jovens, devido ao maior abate de fêmeas nos últimos dois anos. Entretanto, as cotações atuais do boi gordo e do bezerro indicam que a relação de troca de arroba pela reposição é uma das mais favoráveis ao recriador desde fevereiro de 2013. Ou seja, o poder de compra do terminador é o melhor em mais de seis anos e meio.
No geral, os preços da arroba e do animal de reposição subiram neste ano, mas as valorizações do boi gordo foram bem mais intensas – de janeiro até a parcial de dezembro, o boi no mercado paulista registra valorização de 36%, enquanto o preço do bezerro acumula alta de 20%. Assim, nesta parcial de dezembro, produtores do estado de São Paulo precisam de 7,34 arrobas para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul (foram considerados os Indicadores do boi ESALQ/B3, mercado paulista, e o ESALQ/BM&FBovespa do bezerro, Mato Grosso do Sul). No mesmo período do ano passado, recriadores necessitavam de 8,31 arrobas para realizar essa troca, ou seja, aumento de 11,74% no poder de compra nesse período. Para essas comparações, foram utilizados valores médios mensais, em termos reais (foram deflacionados pelo IGP-DI).
Ressalta-se que a recuperação no poder de compra observada nas últimas semanas ocorre depois de uma deterioração ao longo de 2019, quando os preços do bezerro eram negociados em altos patamares, ao passo que a arroba estava estável. Em 2019, o momento mais desfavorável ao produtor foi observado em junho, quando foram necessárias 8,58 arrobas no mercado paulista para a aquisição de um bezerro em Mato Grosso do Sul. De janeiro até a parcial de dezembro, a média da relação de troca é de 8,13 arrobas/bezerro, contra 8,17 em 2018, o que indica que este ano foi um pouco mais favorável ao recriador em relação ao anterior. Analisando-se um histórico mais longo, o maior poder de compra do produtor foi verificado em novembro de 2004, quando recriadores paulistas precisaram de apenas 6,03 arrobas para realizar a reposição. Já a média de toda a série (iniciada em 2000 para o bezerro) é de 7,56 arrobas por bezerro. Isso quer dizer que o poder de compra atual é 3% maior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.