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10/Dez/2019

Carnes: preços devem avançar até o início de 2020

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a inflação das carnes deverá seguir pressionando o orçamento das famílias até a virada de janeiro para fevereiro, mas o movimento é pontual e não muda o cenário mais geral da dinâmica de preços, especialmente de serviços e bens duráveis, que segue oferecendo espaço para mais uma queda na taxa básica de juros (Selic, hoje em 5,0% ao ano). A FGV informou, nesta segunda-feira (09/12), que o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de novembro acelerou para 0,85% em novembro, ante a alta de 0,55% registrada em outubro. Em meio ao aumento das exportações para a China por causa do impacto da peste suína africana (PSA) naquele país, a inflação das carnes foi destaque na aceleração, tanto no atacado quanto no varejo. As carnes poderão continuar subindo até o final de janeiro ou início de fevereiro, quando devem apresentar alguma desaceleração.

Essas deficiências de mercado não se mantêm por muito tempo, uma referência aos fatores que têm impulsionado a demanda da China pelas carnes brasileiras. O destaque entre esses fatores é a PSA, que atingiu o rebanho chinês este ano, obrigando o gigante asiático a importar mais. A demanda por carne bovina e de frango vai a reboque, dado o tamanho do mercado da China. O Brasil tem sido privilegiado como fornecedor não só por ser o maior produtor global, como pelo fato de as disputas comerciais atrapalharem as compras chinesas dos Estados Unidos e de uma seca ter afetado a produção na Austrália. Além disso, a desvalorização do Real torna a carne brasileira mais competitiva. Somado ao quadro favorável para as exportações para a China, o aumento sazonal da demanda, marcado pelas festas de fim de ano, formaram a tempestade perfeita sobre os preços das carnes. O início de 2020 dever ser o ponto de virada para a desaceleração da inflação das carnes, o que significa a manutenção dos preços no novo nível mais elevado.

Mesmo que as exportações se mantenham em alta, há um limite para esses aumentos de preços. A demanda está enfraquecida pelo baixo crescimento da atividade econômica é um limitador de repasses. A desaceleração da inflação das carnes será rapidamente sentida pelos consumidores, porque a transmissão entre atacado e varejo é quase imediata. Muito consumidas, as carnes costumam ter estoques pouco elevados, que giram rapidamente. No IPA-DI, componente do IGP-DI que representa o atacado, a variação do preço médio dos bovinos vivos acelerou de 2,85% em outubro para 15,63% em novembro. O preço médio da carne bovina passou de uma alta de 5,18% em outubro para um salto de 13,73% em novembro. No IPC-DI, que apura a evolução de preços no varejo, as carnes bovinas aceleraram de 1,07% para 8,00%. Apenas o corte bovino “alcatra” acelerou de 1,99% em outubro para 11,81% em novembro, enquanto o “coxão de dentro” passou de 2,42% para 10,9%. Com isso, a carne bovina ao consumidor já acumula alta de 13,39% nos 12 meses até novembro.

Acompanhando essa tendência, a carne suína avança 12,87% em 12 meses, enquanto a alta acumulada no frango inteiro é de 6,37%. O efeito substituição, quando as famílias aumentam as compras de outros tipos de carne quando os cortes bovinos ficam mais caros, é o principal responsável pela contaminação da inflação para as carnes suína e de frango. Além disso, a demanda maior da China ocorre em todos os tipos de carne. Mesmo assim, o comportamento do “núcleo” do IPC-DI sustenta a percepção de que a inflação das carnes tende a não se espalhar na economia, especialmente para os preços dos serviços e dos bens duráveis. O “núcleo” (usado para mensurar tendências e calculado a partir da exclusão das principais quedas e das mais expressivas altas de preços) no varejo acelerou de 0,15% em outubro para 0,23% em novembro. Em 12 meses, a alta acumulada é de 3,23%, ainda abaixo da meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC), de 4,25% em 2019. Assim, tudo continua favorável para mais um corte nos juros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.