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25/Nov/2019

Frango: cenário é o mais desafiador para o Brasil

A indústria de carnes do Brasil tem colhido preços mais altos na exportação e no mercado interno e maiores embarques ao exterior, com impulso da demanda da China, mas a euforia é menor para o setor de frango, já que há alguns fatores que podem preocupar o setor avícola. Os preços das proteínas animais estão firmes na China, que tem lidado com uma oferta menor de carne suína após sofrer uma redução drástica no seu plantel pela Peste Suína Africana (PSA). Quanto mais falta de proteína na China, maior a rentabilidade para as empresas brasileiras listadas em bolsa, como JBS, Marfrig, Minerva e BRF. Isso tem se refletido também em preços historicamente elevados para o mercado de carnes do Brasil, com o setor produtor de bovinos recebendo valores nunca vistos, acima de R$ 220 a arroba, na medida que os chineses estão buscando fortemente o produto brasileiro, o que também tem inflacionado preços aos consumidores do país.

Contudo, o cenário não é tão brilhante para a BRF, maior exportadora global de carne de frango, já que a China tem aumentado a produção das aves, como uma das alternativas mais rápidas para diminuir o impacto da queda de oferta de carne suína no maior consumidor global desse produto – uma ave fica pronta para o abate bem antes de suínos e bois. Além da BRF, outra grande exportadora de aves do Brasil é a Seara, uma das divisões da JBS no Brasil. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projetou aumento de 14% na produção de carne de frango chinesa em 2020, para 15,8 milhões de toneladas, como sinal do investimento chinês. Se a China de fato conseguir produzir todo este frango, pode ser que exista um cenário em que a China não precise importar tanto frango assim. Enquanto isso, contudo, o Brasil aumentou em 22% duas exportações de carne de frango para a China de janeiro a outubro, para 444,7 mil toneladas, obtendo resultado cambial de 931,7 milhões de dólares (+38%) no mesmo período.

Outro ponto preocupante para a indústria de aves é que a China derrubou uma barreira sanitária após cinco anos para o frango dos Estados Unidos, que agora deverão competir com o produto do Brasil, o maior exportador global desse tipo de carne. Embora a indústria brasileira veja espaço para todos os fornecedores, tamanha a fome da China por proteínas, há ainda outros riscos para o setor de carnes relacionados à poderosa indústria norte-americana, não somente para o setor de frango. Uma resolução da guerra comercial (EUA-China) favorecia empresas que têm ativos nos Estados Unidos, e o noticiário é mais favorável à resolução, e é negativo para algumas empresas. Para a BRF, por exemplo, os Estados Unidos são um competidor que não tínhamos nos últimos quatro anos. O cenário de preço do milho é altista, tendo em vista o maior consumo e exportações do cereal em 2019, além da possibilidade de uma safra menor, após um recorde neste ano de mais de 100 milhões de toneladas.

O milho é a principal matéria-prima para a produção de ração para aves e suínos, dois dos principais produtos da BRF, e uma alta do cereal poderia apertar margens da indústria de carnes. A exportação de milho do Brasil deverá cair para 36 milhões de toneladas em 2020, após 40 milhões de toneladas previstas para 2019, mas a produção deverá ser menor. A expectativa é de queda na colheita de inverno de 2020, a maior do país. Isso porque o atraso na safra de soja reduz a janela climática ideal para o milho, semeado logo em seguida, o que impacta na tecnologia da lavoura. Os produtores ficam mais cautelosos para investir em uma safra mais arriscada. Atualmente, os preços do grão no exterior também podem ser mais interessantes para indústrias de carnes do Brasil. Além da demanda maior do setor de carnes, impulsionada pela China, o milho do Brasil ganhou um novo mercado, a indústria nacional de etanol, em ascensão, o que também colabora para a alta do preços do cereal. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.