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21/Nov/2019

Boi: exportação de carne aos EUA segue indefinida

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deixou Washington nesta quarta-feira (20/11) sem uma definição por parte dos Estados Unidos sobre a reabertura do mercado americano para a importação de carne bovina fresca do Brasil. O pleito foi tema da reunião da ministra com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue. Ao deixar o encontro, a ministra afirmou que os norte-americanos decidirão em breve se as informações prestadas pelo governo brasileiro são suficientes para retomar as importações de carne bovina in natura ou se os Estados Unidos enviarão uma nova missão ao País para avaliar as condições sanitárias. Os norte-americanos não se comprometeram com prazos. Segundo a ministra, a carne é um assunto extremamente técnico. Os Estados Unidos estão terminando a análise dos dados que o Brasil enviou e devem, em algumas semanas, decidir qual será a próxima etapa. Se resolverem realizar uma nova missão no Brasil, será necessário aguardar pela definição de uma data. A expectativa da ministra é de que haja uma resposta em breve.

De Washington, a ministra viajou a Nova York, onde terá encontros com investidores estrangeiros antes de voltar ao Brasil. O mercado norte-americano está fechado para a importação da carne bovina in natura brasileira desde 2017, quando se iniciou uma longa discussão entre os dois países para superar questões sanitárias citadas pelos Estados Unidos como entrave para reabrir a possibilidade de compra do produto brasileiro. Com a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente americano Donald Trump, em março, e o anúncio de uma “nova relação” entre os dois governos, os Estados Unidos concordaram em agendar uma inspeção em frigoríficos brasileiros, o que vinha sendo postergado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A inspeção sanitária foi feita em julho, mas o relatório final só foi divulgado em outubro, com quatro pontos que ainda são obstáculo para reabrir o mercado. O Brasil enviou a resposta aos questionamentos dos norte-americanos e espera o aval final do país.

Os Estados Unidos sugeriram agendar uma nova missão para tentar destravar a relação, mas a ministra pretendia dissuadir o governo Trump dessa ideia na reunião em Washington realizada nesta quarta-feira (20/11). Ainda não há definição se os norte-americanos insistirão na necessidade de uma nova visita. Parte do governo brasileiro avalia que o agendamento de uma missão pode jogar para o fim do primeiro semestre do ano que vem a reabertura de mercado. O governo brasileiro tem sugerido nas reuniões que as imposições sobre o mercado de carne bovina parem de ser feitas “a conta gotas” e pedem que os Estados Unidos sinalizem de uma só vez o que falta ser feito para retomar as importações. De janeiro a março de 2017, último ano antes de os Estados Unidos fecharem o mercado para a carne brasileira, o Brasil exportou 11,8 mil toneladas de carne in natura para os norte-americanos, o que representou US$ 49 milhões. Apesar de os Estados Unidos não serem os grandes importadores do produto, a venda para o país é vista como importante referência para as operações internacionais.

A ministra minimizou a importância da discussão sobre a carne bovina e a relevância da abertura do mercado norte-americano. Segundo ela, o mercado está aquecido com exportações para a China. Ainda segunda a ministra, o Brasil enfrenta atualmente um problema sério com a alta da arroba do boi gordo, com os grandes volumes enviados à China. De qualquer maneira, ela considera importante o mercado norte-americano, mas o Brasil fará os trâmites com tranquilidade. Os Estados Unidos aumentaram os testes de qualidade na carne in natura importada do Brasil depois da Operação Carne Fraca, em 2017. Três meses depois da repercussão internacional da operação, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou a medida, após testes de qualidade da carne brasileira que entra no país reprovarem a quantidade de abscessos presentes na carne bovina. Na época, os produtores brasileiros informaram que uma reação à vacina contra febre aftosa teria causado o problema. Desde então, o Brasil entrou em uma longa negociação e submeteu aos Estados Unidos uma série de formulários elaborados pela equipe norte-americana para certificar a qualidade da carne bovina fresca.

Tereza Cristina deve voltar a Washington em fevereiro/2020 para tratar do AG5, grupo que reúne os ministros da Agricultura do Brasil, dos Estados Unidos, da Argentina, do Canadá e do México. Segundo ela, há a possibilidade de tornar o grupo o “AG7”, com inclusão de novos países que sejam importadores de grãos. A ministra também debateu, na reunião com Perdue, negociações sobre etanol e trigo em uma conversa considerada amistosa. O Brasil aceitou criar uma cota para importação de trigo de fora do Mercosul sem Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%. Um volume de até 750 mil toneladas por ano foi aprovado no último dia 5 pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex). No início do agosto, o governo brasileiro também atendeu a um pleito dos norte-americanos para reavaliar a cota de importação de etanol imposta pelo Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.