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19/Nov/2019

Boi: Brasil busca reabrir mercado de carne nos EUA

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se encontrará na quarta-feira (20/11) com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue. A reunião foi agendada nos últimos dias, depois de os americanos terem frustrado o Brasil quanto a reabertura do mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura nacional. No encontro, a ministra tentará convencer os norte-americanos sobre a situação sanitária sem a necessidade de uma nova missão de inspeção ao Brasil, o que poderia atrasar ainda mais a retomada das exportações. No fim de outubro, os norte-americanos listaram quatro pontos que ainda precisam ser resolvidos pelo Brasil para que os Estados Unidos voltem a importar carne do País. Os Estados Unidos sugeriram agendar uma nova missão para tentar destravar a relação. Mas, a ministra pretende dissuadir o governo Donald Trump dessa ideia na reunião. A ministra considera que as solicitações dos Estados Unidos não são tão relevantes para que se tenha uma nova missão ao Brasil.

Parte do governo brasileiro avalia que o agendamento de uma missão pode levar para o fim do primeiro semestre do ano que vem a reabertura de mercado, caso os Estados Unidos insistam na nova viagem ao Brasil. Alguns pontos técnicos que foram questionados já foram respondidos. Uma nova missão só aconteceria no ano que vem. A ideia da ministra é afirmar que existe uma relação de confiança entre os serviços e que os pontos podem ser esclarecidos, não necessariamente com uma missão, que é sempre mais complicada e mais morosa. Os Estados Unidos aumentaram os testes de qualidade na carne in natura importada do Brasil depois da Operação Carne Fraca, em 2017. Três meses depois da repercussão internacional da operação, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) anunciou a medida após testes de qualidade da carne brasileira que entra no país reprovarem a quantidade de abscessos presentes na carne bovina. Na época, os produtores brasileiros informaram que uma reação à vacina contra febre aftosa teria causado o problema.

Desde então, o Brasil entrou em uma longa negociação e submeteu aos Estados Unidos uma série de formulários elaborados pela equipe norte-americana para certificar a qualidade da carne bovina fresca. Com a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente norte-americano Donald Trump, em março, e o anúncio de uma nova relação entre os dois governos, os Estados Unidos concordaram em agendar uma inspeção em frigoríficos brasileiros no intuito de reabrir o mercado para a carne bovina in natura do Brasil. A inspeção foi feita em julho, mas o relatório final só foi divulgado em outubro. Entre os quatro pontos levantados recentemente, os norte-americanos afirmam, por exemplo, que é necessário haver melhorias no processo de coleta para testes microbiológicos na carne. Na reunião, a ministra deve afirmar aos norte-americanos que há também, por parte deles, um problema de certificado sanitário, mas negou que o Brasil vá flexibilizar algo em troca da reabertura do mercado de carne.

Segundo a ministra, o Brasil não deve flexibilizar nada, porque esse assunto da carne é do passado. Houve um incidente no meio do caminho e se suspendeu a importação, mas o Brasil não tem que trocar nada com os Estados Unidos. Há alguns assuntos que serão discutidos e que podem facilitar a negociação, como esse certificado de carne dos Estados Unidos para o Brasil, que é um tema muito burocrático. O Brasil mudou o certificado e os Estados Unidos têm dificuldade de se adaptar. O Brasil vai apresentar como pode ser feito, mas não fará troca, reafirmou Tereza Cristina. A ministra negou que o ponto principal de sua viagem aos Estados Unidos seja a negociação sobre a carne brasileira e disse que a visita já estava agendada antes da confirmação da reunião com a autoridades norte-americanas. Ela sugeriu que há outros mercados mais interessantes para o Brasil no momento, como a China. De janeiro a março de 2017, último ano antes de os Estados Unidos fecharem o mercado para a carne brasileira, o Brasil exportou 11,8 mil toneladas de carne in natura para os norte-americanos, o que representou US$ 49 milhões.

Apesar de os Estados Unidos não serem os grandes importadores do produto, a venda para o país é vista como importante referência para as operações internacionais. Ainda segundo a ministra, o mercado brasileiro vive um momento muito positivo e, nesse momento, não há certeza se o Brasil exportaria carne para os Estados Unidos, pois os preços de outros mercados, principalmente da China, são mais compensadores. Mas, é importante ter os Estados Unidos abertos para alguns tipos de carne. A reunião com Perdue também servirá para tratar de negociações sobre etanol e trigo. O Brasil aceitou criar uma cota para importação de trigo de fora do Mercosul sem Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%. Um volume de até 750 mil toneladas por ano foi aprovado no dia 5 de novembro pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex). No início do agosto, o governo brasileiro também atendeu a um pleito dos norte-americanos para reavaliar a cota de importação de etanol imposta pelo Brasil. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.