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18/Nov/2019

Boi: alta no preço da carne impactará na inflação

A inflação brasileira permanece abaixo da meta, mas o cenário ficou um pouco menos folgado em função de diversos fatores: a desvalorização do câmbio, sinais um pouco mais animados de retomada de consumo, a possibilidade de bandeira amarela no setor elétrico em dezembro (afetando o IPCA de 2019) e, especialmente, a alta das carnes, com destaque para a carne bovina. A principal causa para a elevação dos preços das carnes é o efeito, no setor global de proteínas animais, da peste suína africana (PSA) na China, que levou a uma redução da produção chinesa de carne suína, muito consumida no país asiático. A China (junto com Hong Kong) está pagando um ágio sobre o preço externo da carne bovina brasileira. Com essa prática de pagar ágio, a China passou a absorver quantidades crescentes da exportação de carne bovina do Brasil.

Em meados de 2016, 20% da exportação de carne do Brasil ia para a China. Hoje, a proporção é de quase 55%. O ano de 2019 não foi favorável para a carne bovina, independentemente da China. Houve muito abate de matrizes nos últimos anos, e, em 2019, as vacas têm sido poupadas para recomposição de matrizes. Adicionalmente, há sinais de melhora no consumo, inclusive pelo efeito da liberação do FGTS. O aperto mais agudo da demanda de carne pela China coincidiu com uma época sazonalmente de produção menor no Brasil, muito concentrada em gado confinado, já que o período de seca de maio a setembro/outubro deixa os pastos secos.

Em São Paulo, no atacado, a carne bovina já subiu 23% desde julho, saindo de R$ 10,40 por Kg para R$ 12,80 por Kg. Mas, o preço da arroba no mercado futuro já implica um preço de R$ 13,70 por Kg no atacado. Considerando um repasse aproximado de 50% para o varejo, a alta até o final do ano para o consumidor seria de 15%, correspondendo a um impacto de 0,4% no IPCA deste ano. Porém, para o final de novembro, o mercado futuro indica R$ 200,00 por arroba, o que elevaria a alta no atacado para 39%, e o impacto no IPCA para 0,51%. E isso sem somar o efeito em outras proteínas com relevância para o IPCA, como frango e ovos, que também devem subir. Porém, há dúvidas sobre quanto do aumento do atacado vai ser repassado ao varejo, dado que o desemprego permanece elevado e a renda ainda trava o consumo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.