22/Dec/2025
Em 2025, observou-se um crescimento expressivo da captação, o que levou a indústria a ampliar de forma contínua a produção de derivados. Por outro lado, a demanda por lácteos, embora tenha apresentado desempenho relevante, não acompanhou o mesmo ritmo de expansão, dificultando a absorção do volume adicional produzido. Esse descompasso entre oferta e demanda levou à formação de estoques mais elevados nas indústrias e exerceu pressão sobre os preços dos derivados. Esse movimento rapidamente se refletiu no campo, com quedas no preço pago ao produtor ao longo do segundo semestre, especialmente neste último trimestre. Diante desse contexto, o objetivo desta publicação é aprofundar a discussão sobre o comportamento da demanda ao longo de 2025. Em 2025, o volume de vendas no comércio varejista para a atividade de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios, bebidas e fumo permaneceu em níveis semelhantes aos de 2024, sem apresentar quedas relevantes. Em uma análise inicial, considerando apenas esse indicador, seria possível concluir que a demanda se manteve estável ao longo do período.
Ao aprofundar a análise em indicadores mais específicos do consumo de lácteos, é possível identificar com mais precisão o comportamento da demanda. A análise do comportamento do consumo no varejo alimentar, com foco específico no desempenho da cesta de lácteos, mostra que o consumo da cesta de lácteos vinha em ritmo de crescimento no final de 2024 e manteve essa trajetória ao longo de 2025 no varejo alimentar. No entanto, embora o consumo tenha continuado a crescer em 2025, esse avanço ocorreu em ritmo mais lento do que o observado em 2024. Ao relacionar essa informação com dados de oferta, fica mais claro o motivo do desequilíbrio entre oferta e demanda ao longo do ano. O consumo de lácteos existiu e, de fato, avançou em 2025, mas esse crescimento foi mais modesto quando comparado a 2024. Em contrapartida, a produção de leite apresentou um aumento significativamente mais intenso do que no ano anterior. O resultado foi um cenário em que a oferta cresceu de forma acelerada, enquanto a demanda avançou, porém em um ritmo muito mais lento, aprofundando o desequilíbrio ao longo do período.
Sobre os fatores que impediram que o crescimento do consumo acompanhasse a expansão da oferta, não existe uma única resposta ou um fator isolado que explique esse movimento. Ainda assim, alguns pontos ajudam a construir esse diagnóstico. Do ponto de vista macroeconômico, 2025 apresentou um cenário relativamente estável em relação a 2024. A renda mostrou sinais de manutenção e até de leve crescimento, enquanto o mercado de trabalho trouxe indicadores positivos para o consumo, com a taxa de desemprego atingindo, ao longo do ano, o menor patamar da série histórica. Em tese, esses fatores tendem a estimular o consumo. No entanto, uma perspectiva importante a ser considerada é o comportamento dos preços ao consumidor final e a inflação dos lácteos. O ano de 2024 terminou com forte aceleração dos preços da categoria no varejo, que avançaram de forma significativa e, posteriormente, se mantiveram em níveis elevados ao longo de 2025.
Quando se observa o ano como um todo, fica claro que os preços ao consumidor permaneceram em patamares altos, o que pode ter limitado o apetite por um crescimento mais intenso do consumo de lácteos, mesmo em um ambiente macroeconômico relativamente estável. No varejo de São Paulo, o leite UHT iniciou 2025 com preços em um patamar significativamente mais elevado do que no começo de 2024, com uma diferença em torno de +14,6%. Esses níveis mais altos se mantiveram até junho, recuando apenas no segundo semestre. Esse comportamento dos preços no varejo ajuda a explicar um crescimento mais moderado do consumo de lácteos ao longo de 2025 em comparação a 2024, já que valores mais elevados por um período prolongado tendem a limitar a expansão da demanda, mesmo em um contexto de estabilidade econômica. O preço ao consumidor final é um dos fatores que pode ter limitado uma expansão mais forte da demanda ao longo de 2025. A indústria promoveu quedas relevantes nos preços, em uma tentativa de corrigir o desequilíbrio entre oferta e demanda.
O varejo também apresentou recuos ao longo do período, porém de forma consideravelmente menos intensa do que os observados no nível industrial. Esse descompasso no ritmo de repasse ajuda a explicar por que, apesar da queda dos preços do atacado (indústria), os valores ao consumidor final permaneceram elevados por mais tempo, podendo ter corroborado para um crescimento mais moderado da demanda. Em 2025, o mercado lácteo foi marcado por um desequilíbrio entre oferta e demanda. Enquanto a produção de leite cresceu de forma expressiva, impulsionando a ampliação da produção industrial, o consumo avançou em ritmo mais moderado. Apesar de um ambiente macroeconômico relativamente estável, com indicadores positivos de renda e emprego, os preços ao consumidor final permaneceram elevados durante boa parte do ano, o que pode ter ajudado a limitar uma expansão mais intensa da demanda. Esse cenário resultou em aumento de estoques, pressão sobre os preços dos derivados e quedas relevantes no preço ao produtor, especialmente no segundo semestre. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.