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06/Nov/2019

Boi: EUA mantém veto à carne in natura do Brasil

Os Estados Unidos mantiveram o veto à compra de carne bovina brasileira, decretado em 2017. A decisão frustra as expectativas do governo Jair Bolsonaro, que dava como certa a liberação. O tema está incluído nas negociações da parceria estratégica entre os dois países, uma das vitrines do governo brasileiro. Os produtores também ficaram frustrados com a ação dos Estados Unidos. O governo brasileiro tinha expectativa de que o veto não se mantivesse. Além de ter uma forte demanda, o mercado norte-americano serve como uma referência para outros países liberarem a importação da carne brasileira. De janeiro a março de 2017, último ano antes do veto, o Brasil exportou 11,8 mil toneladas de carne in natura para os Estados Unidos, o que represente US$ 49 milhões. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, aproveitará uma viagem para os Estados Unidos neste mês para tentar reverter o embargo. Será o ponto principal da pauta.

A expectativa do governo é que, em uma nova inspeção, a restrição à carne brasileira seja retirada. A decisão de manter o veto foi tomada pelos Estados Unidos depois de uma inspeção técnica, feita pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil. No documento, foram solicitadas informações adicionais e a realização de uma nova inspeção. Somente depois deste novo procedimento, uma reconsideração poderá ser realizada. A suspensão da venda de carne brasileira in natura para os Estados Unidos foi determinada em 2017, numa reação à Operação Carne Fraca. A investigação, feita pela Polícia Federal, trouxe à tona suspeitas de adulteração de carne e obtenção fraudulenta de atestados fitossanitários. Diante das denúncias, o governo norte-americano iniciou uma avaliação de todos os carregamentos de carne enviados pelo Brasil. No período, o país rejeitou 11% dos produtos, uma cifra substancialmente superior do índice de rejeição apresentado por outros países.

Diante desses dados, e alegando preocupações recorrentes, com a segurança do produto, a importação foi suspensa. A decisão representou um duro golpe para exportadores de carne brasileiros. O setor havia conseguido exatamente dois anos antes a liberação do mercado norte-americano para seus produtos. Apesar do sinal verde dado em 2015, somente no ano seguinte a primeira exportação foi efetivada. Na época, o volume de vendas não era muito significante. O sinal dado pelo governo norte-americano agora tem um efeito oposto. Desde que assumiu, o governo Bolsonaro concentra esforços para que tal restrição seja derrubada. Esta é a segunda notícia que frustra o governo Bolsonaro procedente dos Estados Unidos nas últimas semanas. Em outubro, o governo dos Estados Unidos manteve o apoio às candidaturas da Argentina e da Romênia para uma vaga na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, ainda, se opôs à ampliação do número de integrantes da organização, reduzindo, assim, as chances de ingresso do Brasil.

A decisão dos Estados Unidos contrariara uma expectativa nutrida depois da viagem de Bolsonaro àquele país, em março. Na ocasião, o governo brasileiro dava como certo o apoio dos Estados Unidos na candidatura. Na negociação da época, o Brasil abdicou de benefícios na Organização Mundial do Comércio (OMC). A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou ter ficado decepcionada com as novas exigências dos Estados Unidos para a reabertura do mercado de carne bovina in natura para o Brasil. Segundo a ministra, mesmo após vistorias em frigoríficos brasileiros, os norte-americanos querem rever pontos no acordo sanitário para a retomada das importações. Ela está otimista quanto à reabertura deste mercado. O Brasil deve atender às solicitações dos Estados Unidos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.