09/Dec/2025
Apesar do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros, que afetou os embarques da carne bovina ao mercado norte-americano, o Brasil vai encerrar o ano com recorde em volume e receita de exportação de carne bovina. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) projeta exportação de cerca de 3,5 milhões de toneladas de carne bovina neste ano, que devem gerar mais de US$ 16 bilhões em receita. Foi um ano muito desafiador, mas com um resultado final positivo. É um recorde, mermo com tarifaço e investigação de salvaguardas da China. A indústria conseguiu realocar as exportações e encerrar o ano com resultado positivo. O resultado reflete o aumento da demanda pela carne bovina brasileira, sobretudo de países asiáticos, além de outros mercados, como Rússia e Chile. Os Estados Unidos vivem o seu menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos e são um grande player na exportação de carne bovina.
Então, abre-se um caminho muito positivo para que o Brasil possa ocupar esse espaço na exportação da carne bovina mundial, chegando a quase 30% da exportação global. Na reta final deste ano, a indústria também retoma os embarques de carne bovina aos Estados Unidos, após as tarifas adicionais terem sido retiradas em 20 de novembro. A Abiec estima que o Brasil deixou de faturar entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões em carne bovina neste ano em virtude do tarifaço norte-americano e a partir do redirecionamento dos embarques a mercados menos rentáveis. Com a aplicação da alíquota, os Estados Unidos saíram de segundo principal destino da carne brasileira em julho, antes da vigência da sobretaxa, para o terceiro em outubro. No acumulado do ano, o Brasil exportou 231,828 mil toneladas ao mercado norte-americano, com receita de US$ 1,378 bilhão. Dezembro deve ter um bom volume de exportações aos Estados Unidos, com redirecionamento para atender à demanda norte-americana, sobretudo de cortes dianteiros para a produção de carne moída e hambúrgueres.
As perspectivas para 2026 são muito positivas em relação às vendas aos Estados Unidos, que é um mercado muito rentável em virtude do ciclo pecuário baixista. Para o mercado global em 2026, a perspectiva da indústria é de estabilidade nas exportações após os recordes consecutivos em 2024 e 2025. 2026 será um ano de transição e, portanto, não deve ter grandes volumes adicionais em comparação a 2025. Para o próximo ano, a indústria aguarda a decisão da China quanto à investigação sobre importações de carne bovina, que deve ser concluída até 26 de janeiro de 2026. O processo avaliado pelo Ministério do Comércio da China pode resultar na aplicação de medidas de salvaguardas contra os países exportadores. O Brasil é o maior exportador da proteína para China e pode ser potencialmente afetado com eventuais limitações quanto à importação de carne bovina ou aplicação de sobretaxas sobre o comércio da carne bovina.
A China é o principal destino da carne brasileira. O setor exportador discute o tema, tanto com o governo chinês quanto com o governo brasileiro. É uma situação muito preocupante para toda a cadeia brasileira, porque a China hoje compra quase 50% das exportações. Se houver qualquer desequilíbrio nessa decisão, pode acarretar um grande dano à indústria brasileira. Há um grande risco de desestruturação da cadeia. A Abiec defende negociações do governo brasileiro com a China quanto ao tema. A intenção da indústria é pelo menos manter o acesso ao mercado chinês com o volume importado no último ano. O setor também acompanha o desenrolar das negociações comerciais entre Estados Unidos e China a fim de ter maior "clareza" e minimizar os eventuais impactos de um possível acordo sino-americano. Em relação a novos mercados, seguem como prioridades dos exportadores a abertura de mercado do Japão, Coreia do Sul e Turquia para a proteína nacional. O Japão é o mais adiantado, enquanto as negociações com os outros dois países ainda dependem de questões técnicas a serem superadas.
A grande expectativa é pela abertura do mercado japonês, que é um mercado altamente rentável, basicamente suprido pelo mercado norte-americano e pelo mercado australiano, que hoje não têm a capacidade de suprir o mercado japonês na sua integralidade. O setor está ansioso para que essa negociação se finalize talvez no início do ano que vem, mesmo que seja em fases por Estados ou que englobe todo o País. No mercado doméstico, a previsão é de estabilidade no volume de abates e no consumo interno da carne bovina. Quanto aos preços, a indústria vê estabilidade no mercado doméstico, com leves variações de alta e baixa. Isso vai depender muito da economia brasileira, porque o País tem um volume total de produção que é difícil de ser alterado. O "fiel da balança" será a manutenção ou crescimento da demanda pela proteína. O setor aguarda o desenrolar da questão econômica no próximo ano para entender como a demanda por carne bovina se comportará, mas a busca é pos manter o preço para o Brasil e explorar o potencial nas exportações para ter equilíbrio de preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.