02/Dec/2025
Com resultados expressivos, avanço tecnológico e forte presença da agricultura familiar, Goiás consolidou em 2024 uma produção de 2,9 bilhões de litros, além de 1,4 milhão de vacas ordenhadas. Os números projetam para 2025 um VBP de R$ 6,1 bilhões, o que corresponde a 8,5% do total nacional, reforçando o peso econômico do setor que torna Goiás o quinto maior produtor de leite do Brasil. Entre os municípios do Estado, Orizona desponta como maior produtor, com 124,5 milhões de litros e 39,5 mil vacas ordenhadas. Piracanjuba e Bela Vista de Goiás vêm logo atrás, ambos ultrapassando 80 milhões de litros anuais. Rio Verde e Jataí completam o grupo, cada um superando 70 milhões. Os dados também revelam contrastes: Luziânia tem o segundo maior rebanho ordenhado do Estado, com 33,7 mil vacas, mas ocupa apenas a 12ª posição em produção, com 50,7 milhões de litros, indicando desafios de produtividade. A presença da agricultura familiar segue como pilar.
Segundo a Seapa, 52% de todo o leite goiano é produzido por pequenos e médios produtores, que somam 87 mil famílias envolvidas na atividade. São atendidas por 115 indústrias com registro federal ou estadual, evidenciando uma cadeia estruturada e distribuída. Políticas estáveis são essenciais, pois é um perfil que precisa cada vez mais de apoio técnico, crédito e condições para ampliar sua eficiência. Apesar do avanço, o setor enfrenta um cenário considerado desafiador devido ao aumento das importações. Dados da Embrapa mostram que o valor pago ao produtor argentino ficou em US$ 0,36 por litro, contra US$ 0,47 por litro no Brasil (diferença de 23,4%). Em setembro, o País importou 23,3 mil toneladas de lácteos, alta de 20% em relação a agosto, sendo 66% do volume proveniente da Argentina. Goiás acompanhou esse movimento, importando 62,4 toneladas de soro de leite. A Comissão do Leite da Faeg avalia que a situação já ameaça a rentabilidade.
O Brasil precisa importar cerca de 5% do volume anual para abastecer o mercado, mas o número tem chegado a 10% a 12%. O setor defende alternativas como limitar as compras externas acima do necessário para não prejudicar a cadeia e até suspender as importações por 90 dias para reequilibrar os preços internos. Outro motor do crescimento é a modernização dos sistemas produtivos. Investimentos em Compost Barn, Free Stall, robôs de ordenha, resfriamento, nutrição de precisão e genética especializada têm elevado a produtividade em todas as regiões. A maior fazenda produtora do Estado, localizada em Silvânia, ilustra esse avanço ao registrar média diária de 42.295 litros. Em 2024, Goiás também alcançou 267 milhões de litros no período monitorado, alta de 14,6% em relação ao ano anterior. Planejamento e gestão explicam boa parte das melhorias. O aumento da produtividade está atrelado ao conforto animal e ao uso de tecnologia.
Fazendas que controlam custos e se programam para compra de insumos lidam melhor com a volatilidade do mercado. Destaque ainda para o impacto das temperaturas elevadas: o estresse térmico reduz produção e reprodução. Quem investe em resfriamento apresenta desempenho superior. Além da produção convencional, cresce o espaço para produtos diferenciados. O leite A2A2, originado de vacas que produzem somente a proteína A2, ganha força entre consumidores que buscam melhor digestibilidade. Segundo o Observatório do Consumidor da Embrapa, a demanda cresce especialmente na Região Centro-Oeste e abre caminho para produtos de maior valor agregado. No comércio exterior, Goiás também amplia presença. Em setembro, o Estado exportou 3,5 toneladas de leite condensado, enquanto mercados como Chile, Cuba, Estados Unidos, Filipinas e Argentina elevaram as aquisições de lácteos goianos em 2024. O Chile pagou US$ 3.924,00 por tonelada, valor 38,8% acima da média nacional, o que reforça o potencial de margens mais atrativas no mercado internacional. Fonte: O Hoje. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.