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27/Nov/2025

Boi: oferta estável diminui volatilidade dos preços

A disponibilidade interna de carne bovina neste mês pode ser a menor desde março de 2023. É estimada em cerca de 5% menor que a de novembro/2024, pressionada pelo ritmo acelerado das exportações. Historicamente, uma oferta doméstica tão enxuta seria gatilho para valorizações significativas da carne e do boi gordo. Em São Paulo, no atacado, a carne bovina tem reagido com certa intensidade no período recente, enquanto os preços dos bovinos para abate vêm se mantendo “apenas” firmes, com reajustes bem moderados. Do final de agosto até a parcial de novembro (período tradicional de reajustes), o preço médio do boi gordo em São Paulo registra avançou de 3,5%. A carcaça casada de boi apresenta valorização de 6,4% no mesmo comparativo.

A principal diferença entre o quadro atual e o de um ano atrás pode estar na gestão da oferta de gado. Em novembro de 2024, o mercado viveu um “apagão” de oferta que encurtou drasticamente as programações de abate. Neste mês, embora as escalas tenham recuado frente a outubro, elas se mantêm em patamares mais confortáveis do que no ano passado. Enquanto em novembro de 2024 as indústrias de estados como São Paulo e Mato Grosso trabalhavam com programações apertadas, de em média 6,5 dias, os dados atuais (parcial de novembro) mostram média 13,4 dias. Essa “folga” é obtida em boa medida graças aos contratos feitos com confinadores que têm interesse em garantir a programação de venda. Com isso, a indústria evita a disputa acirrada por bovinos e o consequente “inflacionamento” dos preços.

Este ano vai mesmo se caracterizando pela menor oscilação dos preços do boi gordo. A volatilidade dos preços do boi gordo está em 53,1%, menos da metade do observado em 2024 e 2023, por exemplo. Vale lembrar que o conceito estatístico de volatilidade se refere, neste caso, à variação dos preços em torno de sua média ao longo de janeiro até agora. Em outras palavras, indica a intensidade com que o preço se move para cima ou para baixo. Esse cenário sugere um ganho de eficiência na coordenação da cadeia, ainda que não necessariamente com distribuição equilibrada dos resultados entre seus elos. Preços menos “voláteis” ao longo do ano indicam que o setor produtivo tem conseguido manter a oferta de bovinos mais constante, possivelmente com carcaças mais pesadas, o que mantém as escalas continuamente preenchidas, linhas de abate ativas e abastecimentos interno e externo sem sobressalto.

Com tal eficiência, o mercado tem encontrado “ponto de equilíbrio” abaixo do patamar real do ano passado. O preço médio do boi gordo em São Paulo neste mês está em R$ 322,22 por arroba, o que representa 4,5% abaixo da média real (deflacionada pelo IGP-DI) de novembro do ano passado. Em Mato Grosso, a média parcial está em R$ 298,95 por arroba, com redução de 3%. No comparativo anual, a carne bovina também está mais barata. No atacado de São Paulo, a carcaça casada tem média de R$ 22,61 por Kg à vista neste mês, valor 2,7% inferior ao de novembro do ano passado, atendendo o intenso fluxo externo e, ainda assim, ofertando volume suficiente ao consumidor doméstico com preço abaixo ao de um ano atrás. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.