19/Nov/2025
Em setembro, o preço do leite cru recuou 4,2% frente ao de agosto, fazendo com que a “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) chegasse a R$ 2,4410 por litro, queda real de 19% em relação a setembro/2024 (deflacionamento pelo IPCA de setembro/2025). Trata-se da sexta baixa consecutiva nas cotações no campo, e o setor projeta que esse movimento de desvalorização se persista até o final do ano, tendo em vista que o mercado doméstico está bastante abastecido. De um lado, observa-se crescimento consistente da produção ao longo de 2025. O ICAP-L (Índice de Captação de Leite) subiu 5,8% de agosto para setembro e acumula alta de 12,2% no ano, indicando forte ampliação da produção. De outro, as importações continuam elevadas. Dados da Secretaria de Comércio exterior (Secex) mostram que, em outubro, as compras externas avançaram 8,4%, somando 214,73 milhões de litros em equivalente leite.
As exportações, contudo, seguiram em queda, de 23,2%, totalizando apenas 4,55 milhões de litros em equivalente leite. Essa abundância de oferta tem mantido o mercado saturado, já que o consumo cresce em ritmo mais lento e não consegue absorver os estoques elevados de lácteos. Em outubro, o queijo muçarela, leite UHT e o leite em pó registraram desvalorizações de 4,08%, 5,62%, 2,9%, respectivamente no atacado de São Paulo. Nas indústrias, a combinação de custos fixos elevados e de baixa rentabilidade mantém o repasse de baixa aos produtores, agravando as tensões nas negociações. Muitos produtores relatam dificuldades para cobrir o custo de produção. E, de fato, a margem está mais espremida. Em outubro, o Custo Operacional Efetivo (COE) subiu 0,52% na “Média Brasil”, impulsionado sobretudo pela alta na ração.
O poder de compra do produtor frente ao milho continuou deteriorado, com queda de 5,4% frente a setembro. Considerando a média parcial anual, foram precisos 27,7 litros de leite para adquirir 1 saca de 60 Kg de milho, 13% acima da média do mesmo período de 2024, de 24,5 litros/saca. As sucessivas quedas nos preços podem provocar desaceleração gradual da produção, mas parte desse efeito tende a ser compensada pelo aumento sazonal típico da safra das águas, sobretudo nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Assim, o volume deve continuar crescendo, mas em ritmo menor que o habitual, sugerindo início de ajuste na oferta. Contudo, uma recuperação mais consistente das cotações não é esperada no curto prazo: pode ocorrer apenas a partir do segundo bimestre de 2026, quando a oferta tende a recuar na Região Sul e o mercado pode reencontrar um novo ponto de equilíbrio. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.